Por Daniel Schvartz
Chegou o grande momento. Neste fim de semana, os principais estaduais do Brasil vão ter o primeiro confronto das finais. Em sua maioria, clássicos tradicionais. Daqueles que reúnem grandes públicos e param as capitais. Porém, nem todos terão a oportunidade de acompanhar esses jogos de perto. Não por conta das grandes filas ou falta de espaço nos estádios. O motivo é o valor dos ingressos.
Assistindo ao programa “Bate Bola”, do canal ESPN, a temática sobre os ingressos para a final do Campeonato Paulista me chamou atenção. O valor mais barato para acompanhar a decisão, no estádio do Morumbi, é de R$100. Alguns podem mencionar a meia-entrada, mas, além de ser uma carga limitada, o direito a este ingresso não é compatível com a maior parte da torcida.
Não pense que isso é uma exclusividade do Campeonato Paulista. No Rio de Janeiro, Minas Gerais, Porto Alegre e, inclusive, Pernambuco, os valores estão mais altos do que o habitual. Com preços entre R$40 e R$120 (não estou incluindo os valores das áreas “Premium”, que é pra ninguém chorar de tristeza).
Durante o programa, Celso Unzete, conhecido como “Professor”, defendia que os preços deveriam ser mais baixos. Que o futebol estaria perdendo a essência e, por conseqüência de algumas práticas, estaria estimulando a exclusão do povão nos estádios. O que eu tenho a dizer é: Celso, seu apelido não poderia ser melhor!
Um dos argumentos defendidos para esses valores exorbitantes é de que o futebol ficou muito caro. Hoje os clubes precisam fazer investimentos cada vez mais altos. Além disso, precisam diminuir o rombo deixado nos jogos de pequeno porte ou por dívidas acumuladas. Blá, blá, blá…
Mas nada disso é desculpa. O torcedor não tem culpa se os estaduais estão em decadência e os clubes acatam os moldes financeiros impostos pelas federações. Os torcedores não têm culpa se uma diretoria faz investimentos absurdos e aceitam pagar milhões em salário para um único jogador, acumulando outros milhões em processos trabalhistas e outras dívidas. Na hora que o time precisa, a palavra “promoção” é logo estampada nas redes sociais das equipes, vide a briga contra o rebaixamento do São Paulo, em 2017. Neste ano, o Tricolor Paulista teve uma média superior a 30 mil torcedores, a melhor da sua história! Você acha que isso seria possível com ingressos a R$100? Ou, até mesmo, o Sport em 2018. Quando deixou sócios entrarem de graça, com o intuito de salvar o ano e mascarar os erros de gestão. Este, na ocasião, não foi um case de sucesso.
Pois bem, valorizar a boa fase não é proibido. Ainda mais quando falamos de uma final de campeonato, por mais que ele seja desvalorizado e diminuído. Mas, no Brasil, o futebol sempre foi democrático. As antigas gerais, as bandeiras, a bebida (essa já voltou para alguns) e, principalmente, o direito de ir e vir. Os clubes precisam, sempre, achar um meio termo. Está cada vez mais difícil ser torcedor. Por favor, cartolas, não nos privem da nossa paixão. O sentimento, pelo visto, é a única coisa que nos resta.