Por Daniel Schvartz
Após cinco anos, Náutico e Sport voltam a se enfrentar em uma final de Campeonato Estadual. O primeiro confronto será neste domingo, no estádio dos Aflitos, reinaugurado no final de 2018 e que voltará a receber uma decisão. O segundo duelo será na Ilha do Retiro, no Domingo de Páscoa (21/04). A possibilidade dos jogos serem na Arena de Pernambuco foi descartada pelos presidentes dos clubes, Milton Bivar e Edno Melo, e da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho.
Os rivais chegam em um momento muito parecido para a decisão. E, para isso acontecer, dois personagens foram muito importantes: os treinadores.
Márcio Goiano
Márcio Goiano começou a trabalhar no Náutico em maio de 2018. O Timbu estava numa crise braba após conquistar o título estadual. O treinador conseguiu uma reviravolta na equipe e quase resultou no acesso à Série B. Goiano permaneceu no clube e enfrentou dificuldades para fazer o time voltar a jogar. E quando conseguiu…O time engrenou: não sabe o que é perder há 18 jogos. O último triunfo foi um importante 2×0 em cima do Ceará, em pleno Castelão, pela Copa do Nordeste. Com isso, o time se classificou para a semifinal da competição, onde enfrentará o Botafogo-PB. Vaga importante não só para preencher o calendário, mas por gerar um retorno financeiro e, principalmente, por colocar o Náutico novamente na disputa por um grande título.
A postura do time é outra. Os problemas com a zaga? Esquece! Mesmo não mantendo uma formação na dupla de beques (Camutanga, Diego e Suellinton estão sempre em revezamento), o treinador conseguiu contornar a situação. Muito pelo fato de algumas peças novas terem chegado como foi o caso de Maylson e Danilo Pires, que deram uma sustentação ao meio campo. Ou, simplesmente, por promover a entrada de jovens da base, como Hereda na lateral e Odilávio no ataque. Este último, inclusive, foi uma grata surpresa, já que foi lançado em um momento turbulento e quando o artilheiro do time, Wallace Pernambucano, precisou tratar uma lesão. O menino não se intimidou e, hoje, continua com a titularidade.
GUTO FERREIRA
Na Ilha do Retiro, as coisas não começaram nada bem. Além da crise financeira, o Sport estreou no Estadual com derrota em casa para o Flamengo-PE, foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil para a Tombense-MG e viu seu treinador (Milton Cruz) pedir demissão após derrota no clássico para o Santa Cruz. E foi aí que entrou Guto Ferreira, “paquera” antiga do Sport e que, finalmente, acertou sua vinda para o Leão da Praça da Bandeira.
Guto aceitou o desafio de começar o seu trabalho depois do time já montado. E soube aproveitar bem o tempo disponível que o time teve para treinar (o time chegou a ficar 13 dias sem jogar, já que o Leão disputa apenas o Pernambucano). O resultado pode ser visto em números. Foram 5 jogos e cinco vitórias. O ataque, que ano passado foi bastante criticado e tinha Hernane Brocador como alvo, virou protagonista. Dos 28 gols marcados pelo Sport, 16 foram após a chegada de Guto Ferreira. E o Brocador, inclusive, é o artilheiro isolado do campeonato, com 9 gols.
Mas, a torcida rubro-negra, como qualquer outra, é exigente. Queria ver o time ganhando, mas jogando bem. Mesmo sentindo a falta de sequência de jogos, a evolução dentro de campo foi muito clara. A saída de bola se tornou mais rápida, os meias estão mais próximos dos atacantes e jogadas bem trabalhadas no setor ofensivo vêm dando credibilidade ao treinador e aos números citados.
OS ELENCOS
A decisão entre os rivais será bastante equilibrada. Cada um deverá fazer valer o fator casa. Mesmo sendo rebaixado à série B, o Sport ainda manteve um investimento maior que o Náutico e conseguiu trazer peças importantes no cenário nacional, como os atacantes Guilherme e Luan, e o zagueiro Rafael Thiery. Apostou também em jovens jogadores que vêm mostrando serviço, como Ezequiel, Leandrinho e Charles.
Pelo lado Alvirrubro, a mescla de atletas jovens e experientes parece ter dado certo. A maior prova disso é o centroavante Odilávio, que ganhou o posto de titular, e o meio campo Luiz Henrique, que começou todos os jogos este ano. Já os mais “rodados”, como Danilo Pires, Jorge Henrique e Wallace Pernambucano, servem como uma extensão do treinador. São os responsáveis por manter o jogo no ritmo que o Náutico precisa, além de terem um poder de decisão e uma qualidade indiscutível.
TABU
Sport e Náutico não se enfrentam numa final de Pernambucano há 5 anos. Se Sport e Náutico não se encontram em uma final há 5 anos, o Timbu tem um outro dado que causa mais preocupação à torcida. Desde 1968, ano do Hexa, que o Alvirrubro não vence o rival em uma final. De lá pra cá, foram 9 confrontos decisivos, todos vencidos pelo Leão.
Na última final disputada entre os clubes, o Sport venceu os dois jogos. O primeiro por 2×0, na Ilha do Retiro. Na partida de volta, Durval fez o gol da vitória e garantiu a taça aos Rubro-Negros.
E agora…. Quem vai vencer esse Clássico dos Clássicos decisivo?