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O torcedor do Sport se orgulhava em ver em campo, em plena atividade, conquistando títulos, dois de seus maiores jogadores da história: o goleiro Magrão e o zagueiro Durval. Foram, sim, gigantes. Magrão chegou primeiro no clube e escreveu uma história de superação. Enfrentou desconfiança, vaias e críticas para se consagrar como ídolo. Durval teve uma vida menos dura. Chegou como titular e se firmou como xerife em quase todas as conquistas do Leão. Ambos se notabilizaram como ícones de uma geração do futebol pernambucano. Mas as suas saídas de cena não foi o que os torcedores sonhavam. E nem digna da grandiosidade de ambos.
Não é fácil para a carreira do jogador de futebol. Toda vez que falo nesse assunto eu lembro demais do atacante holandês Marco Van Basten. Craque do Milan e da seleção holandesa, campeã da Eurocopa de 1988, teve que encerrar a carreira por conta das seguidas contusões. Uma pena. Mas essa aposentadoria foi uma dolorosa escolha de Van Basten. Ele decidiu parar.
Outro dia, Sangaletti, volante que teve passagem vencedora pelo Sport e Náutico, participou do podcast 081 Esportes e disse que tinha planos de escrever um livro sobre a aposentadoria do atleta de futebol. O jogador precisa planejar, se desgarrar de alguns hábitos, escolher o momento certo e saber o que vai fazer depois da parada. Se não for por aí, o jogador vai deixar que o tempo escolha sua aposentadoria. Vai se deixar levar e quando o corpo não obedecer os comandos da mente, o atleta acaba, muitas vezes, saindo de cena com a imagem maculada.
Durval, acredito, já não tinha mais em mente voltar a jogar pelo Sport. Mas bastou uma conversa com a diretoria para que uma tentativa de retorno acontecesse. O zagueiro voltou a comparecer na Ilha do Retiro. Mas bastaram alguns dias de avaliação física para perceber que não havia condições para jogar. E Durval deixa a Ilha do Retiro como qualquer outro jogador que passou de passagem pelo clube.
O caso de Magrão foi polêmico. Saiu sem dar um tchau para os dirigentes e acionou o clube na Justiça. Os advogados do atleta alegam que o clube deve o acordo financeiro do ano passado mais o salário atual. Os dirigentes negam. Afirmam que tudo está sendo pago. Como o jogador não fez uma declaração sequer, fica o suspense no ar.
Na entrevista que concedeu à Rádio Jornal, o presidente Milton Bivar foi, no mínimo, infeliz ao dizer que o goleiro estava pagando a jornalista para falar bem dele. Por outro lado, levantou uma hipótese plausível: Magrão teria encerrado a carreira e, para não perder o que o Sport deve, acionou a Justiça na calada da noite. Tudo suposição que só pode ser esclarecida após Magrão se pronunciar.
Enfim, o Sport perdeu dois atletas históricos. Dois profissionais de raro quilate. Dois jogadores que escreveram belíssimos capítulos na história do clube. Mas a saída de cena não foi brilhante. Seja qual foi o motivo, quem está certo ou errado, não cabe julgamento. O fato é que Durval e Magrão saem de cena de uma forma que ninguém sonhou e ninguém planejou. Uma pena!