Foto: Ricardo Fernandes/@spia photo
Quando a Copa América começou, eu já estava invocado. Vi a sequencia de jogos que o Brasil teria até a final. A seleção só jogaria no Maracanã na decisão. Absurdo. O mesmo absurdo da Copa do Mundo de 2014. O Brasil tinha que jogar no palco histórico e sagrado. E saber que o Brasil não joga no Maraca desde a final da Copa das Confederações de 2013. O absurdo duplica. Mas ainda bem que a seleça de Tite superou a rival Argentina, por 2×0, no Mineirão e está na decisão. E melhor ainda foi jogando um bom futebol. Nada de sorte. Foi na base da vontade, inteligência e jogo em coletivo.
Encarar a Argentina, mesmo os hermanos não atravessando uma boa fase há tempos (não ganha uma Copa do Mundo desde 1986 e uma Copa América desde 1993), sempre causa desconfiança. Pela tradição, pela rivalidade. Mas o Brasil jogou o que não havia jogado até então. Um futebol coletivo que eu sempre destaquei desde quando Neymar foi cortado do grupo. Com ele, o Brasil tem um jogador mais agudo, protagonista das jogadas. Mas a seleção só joga por ele. Sem Neymar, todos têm que dar mais de si. Nos primeiros jogos, tava travado. Diante dos Argentinos, fluiu.
Foi um jogo pegado no início. Pensei até que teria expulsão na partida. Jogadas ríspidas e um árbitro perdido para controlar o ímpeto dos dois lados. Principalmente dos argentinos. Qualquer jogada mais dura do Brasil, eles partiam para cima do árbitro. O Brasil teve dois jogadores importantes nessa partida. Daniel Alves foi um gigante. Na experiência, marcou forte pelo seu lado e armava as jogadas Jogou como muita inteligência. Não se desgasta. Vai na boa e sabe do caminho das pedras.
A jogada do primeiro gol saiu dos seus pés. Deu um chapéu no marcador, driblou outro, olhou para um lado e passou para Firmino que estava no outro lado. Foi só mandar para a área e a bola encontrou para outro destaque da partida: Gabriel de Jesus, que estufou as redes. A Argentina foi ao ataque, claro. Chegou a criar algumas situações de gol. Acertou o travessão de Alisson. Mas a bronca da seleção argentina é que depende muito de Messi. E Messi na seleção nem de longe parece com o Messi do Barcelona.
No segundo tempo, a Argentina começou até melhor. Pressionando. Com toques de bola mais curto e veloz, os hermanos chegaram com mais facilidade na área brasileira. Messi acertou a trave do goleiro Alisson. O jogo, na verdade, me agradou mais pela vontade das duas equipes. Todos estavam concentrados e procurando a vitória o tempo inteiro. Nada beirou a genialidade. Longe disso. Mas foi disputado cada centímetro do gramado. Essa vontade é que dá gosto de ver.
E Gabriel de Jesus brilhou de novo. De fato, desencabulou. No primeiro tempo, balançou a rede. No segundo, fez uma jogadaça. Arrancou da intermediária brasileira, passou pelos marcadores e já dentro da área, quase perdendo o equilíbrio, serviu Firmino que mandou para as redes. Lembrei que, num lance anterior, Gabriel, após dar um pique, sentiu o joelho ou a coxa, não sei bem. Preocupou até Tite. No lance do gol, ele parecia que não suportaria. Mas na raça, passou para Firmino ampliar. Salve, Jesus!
A seleção brasileira está na final invicta e sem ter sofrido um gol sequer. Vai para a decisão com muita confiança e embalada. Independente de quem seja o adversário (Chile ou Peru), a equipe de Tite é muito, mas muito favorita.