Foto: Alexandre Gondim/ @instalegon
Dizem que quando algo marcante acontece nas nossas vidas, não há quem apague. Nem o tempo. O tetracampeonato de 1994 foi uma dessas marcas como torcedor brasileiro. O 17 de julho entrou para a história. Há exatos 25 anos, a seleção do técnico Carlos Alberto Perreira e seu fiel escudeiro Zagallo conquistava o tetracampeonato mundial e quebrava o jejum de 24 anos sem títulos. Foi a primeira vez que vi a seleção campeã do mundo. Já estava cansado das somas de fracassos: o trauma de 82, o pênalti perdido por Zico em 86, a queda em 90… Por mais que torçam os narizes para ao pragmatismo de Parreira, eu celebrei muito. E não vou esquecer jamais.
Como todo começo de trabalho da seleção visando à Copa do Mundo, Parreira assumiu sob a desconfiança. Até porque, ele praticamente manteve a base da seleção que sucumbiu diante da Argentina, em 1990. Mas o técnico já tinha em mente o seu plano. E foi convocando as peças que encaixava nesse plano. Por mais que Parreira fosse teimoso (insistiu em Careca – que já não tinha mais condições físicas para viagens e jogos. Tanto que escreveu uma carta pedindo dispensa – e só convocou Romário na última rodada, porque a pressão era grande), havia também muita lucidez em criar uma ambiente positivo e estudo dos adversários.
Começou ruim. Derrota para a Bolívia doeu. Foi a primeira da seleção na história das Eliminatórias (com direito a frango de Taffarel). A recuperação só aconteceu no jogo de volta contra os bolivianos. No estádio do Arruda, Recife. No dia 29 de agosto dee 1993, a seleção entrou no gramado de mãos dadas. E goleou: 6×0. Eu tava lá!!! Como esquecer aquela festa?! Jamais. Ao final da partida, promessa de, caso Brasil fosse tetra, desembarcaria primeiro na capital pernambucana. O pensamento positivo começaria ali.
Nos Estados Unidos, a seleção mostrou um futebol pragmático, sim. Nada de show, mas muita vontade e organização. Marcação forte, movimentação intensa quando tinha a bola os pés. Bebeto e Romário faziam uma dupla de ataque sensacional. Raí caiu de rendimento durante a Copa. Mazinho entrou e não deixou a peteca cair. Márcio Santos e Aldair fizeram uma dupla de zaga perfeita que jamais alguém imaginaria que seria um ponto forte.
Vencemos bem Rússia e Camarões. Empatamos com a Suécia. Nas oitavas, sofremos para vencer os EUA, por 1×0 (cotovelada de Leonardo nos deixou com um a menos em campo. O passe de Romário para o gol da vitória de Bebeto e a declaração para o baixinho: “Eu te amo!). Vitória dramática contra a Holanda nas quartas. Nas semi, vitória suada diante da Suécia. E a final sem gols diante da Itália e vitória nos penaltis para mostrar que aprendemos a conviver com as cobranças. Ahh, amigos, como esquecer disso tudo?
Na volta ao Brasil, eu acordei bem cedinho. Morava com meus pais, que moravam ao lado do Aeroporto. Por volta das 7 da manhã, já tinha gente por lá. O avião só desembarcou à tarde. Que festa linda! A seleção desfilou no carro do Corpo de Bombeiros. Foi até o bairro do Pina e voltou para o aeroporto. Uma multidão acompanhou tudo. Uma energia maravilhosa que o futebol é capaz de criar por onde passa. Confesso que tenho saudades disso. Não daquele momento em si. Afinal, isso seria nostalgia. O que lamento é não ter mais a interação de antes com a seleção brasileira.
Tá, tá legal, eu tô ficando velho. Perdi um pouco da paciência dos ídolos de hoje, que estão mais preocupados com as selfies, com o penteado, com sua imagem que aparece no telão do estádio na hora de um chute perigoso ou do gol. O mercado aberto do futebol deixou a seleção mais perto do mundo, mais longe do torcedor brasileiro. A conquista de 1994 nos deixou mais fortes. Resgatou a auto-estima. Num ano em que perdemos o ídolo Ayrton Senna, a seleção brasileira levantou o caneco na base da inteligência e sabendo do quanto era importante ser campeão naquele ano.
Não há como esquecer!
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