Assim que a partida PSG x Atalanta acabou, pela Champions Legues, com a vitória de virada do time francês, por 2×1, meu celular não parou. Eram os amigos fãs de Neymar, mandando mensagem, tirando onda comigo. Estavam com a respiração presa. Com um medo danado do maior ídolo do futebol brasileiro do momento ser eliminado e ter que aguentar com a minha gozação.
Explico: não sou fã de Neymar. Nunca fui. Já fiz muitas críticas ao ex- Menino da Vila. Críticas à sua infantilidade. Críticas ao seu lado teatral, tirando proveito de que ele era protegido por todos, especialmente pela imprensa. Afinal, o Brasil precisa sempre de um ídolo. E Neymar, de fato, pelo talento, pelo carisma e pela atmosfera criada em torno do seu nome, é ídolo. É referência. E não há outro que chegue perto. Mas não posso achá-lo maior do que futebol. O esporte está acima de tudo. E nem posso achar que ele pode fazer tudo porque é ídolo.
Quando o Brasil perdeu para a Bélgica, na Copa do Mundo 2018, Neymar deixou o gramado sem falar com a imprensa. Houve quem o protegesse: “Neymar precisava de alguém que o orientasse a falar”. Pensei: “Caraca, quando é que esse jogador terá maturidade para assumir as responsabilidades dos seus erros? Quando vai deixar de ser mimado?”
Contra o Atalanta, vi Neymar assim: maduro. Preocupado apenas em jogar, sem cai cai, sem brigar por bobagens, reclamar da arbitragem desnecessariamente. O time italiano é a grande surpresa da Champions. No primeiro tempo, teve um boa movimentação. E conseguiu abrir o placar. Uma vantagem importante numa decisão de apenas 90 minutos. Ou seja, não tem história de mata-mata. É mata e priu.
Neymar foi o motor do PSG. Chamou a responsabilidade. Como é de costume. Fez uma partida intensa. Até o apito final da partida, correu o campo inteiro, jogando para cima do adversário. No auge das minhas críticas a Neymar, uma característica positiva me chamava e até hoje me chama atenção: o rapaz é destemido. Não tem botinada dos marcadores que o faça desistir. Parece que cada pancada é um estímulo para continuar buscando o gol. Diante do Atalanta, foi assim. Buscou o ataque incansavelmente.
O 1×0 construído pelo Atalanta foi o aditivo que o time do PSG precisava para buscar a vitória. E o motor atende pelo nome de Neymar. E enquanto os franceses para cima, os italianos recuaram demais. Cederam espaços demais. O primeiro gol do PSG era questão de tempo. Não por ter criado chances claras, mas sim por pressionado e muito. No último minuto do tempo regulamentar, Marquinhos igualou o placar.
O Atalanta por atuar como time pequeno durante todo segundo tempo. E sentiu o golpe no gol de empate do time francês. Se estava recuado na defesa, após o empate a situação piorou. O time afrouxou a marcação e mostrou um desligamento geral na partida. No instante do gol de empate, eu cheguei a comentar com um amigo, via whatsap: “do jeito que tá, vira”. Nem demorou muito, três minutos depois e o time francês garantiu a vitória.
A vitória do PSG teve a assinatura de um Neymar destemido, incansável e maduro.