Treinador não é cientista. Pelo contrário. Quanto menos inventar, mais possibilidade de ter sucesso na equipe. Ou seja, o menos é mais.
Os clubes da capital pernambucana passaram por questionamentos em relação aos seus comandantes técnicos. Os três mudaram de treinador e apenas o Santa Cruz vem obtendo sucesso. Por que? Porque foi o que menos precisou mexer.
Marcelo Martelotte teve sua vida facilitada porque o Santa Cruz traçou um trabalho com o antecessor Itamar Schulle e não fez mudanças radicais porque perdeu o título estadual para o Salgueiro.
Schulle saiu por desentendimento com a diretoria. E Martelotte fez um trabalho de manutenção para, em seguida, colocar aos poucos sua filosofia de trabalho. Com um grupo homogêneo e unido, Martelotte teve menos dores de cabeça.
E comparando com os rivais Náutico e Sport, o Santa Cruz tem um facilitador: tem um elenco bom para a disputa da Série C. É o time a ser batido. Joga a maioria das partidas como favorito. Rubro-negros e alvirrubros não vivem isso.
Tanto Sport quanto Náutico viveram e vivem problemas na montagem do elenco. Têm times fracos para a disputa do Brasileirão e da Série B, respectivamente. O Leão já mostrava isso desde o Pernambucano, quando não conseguiu se classificar para a fase final da competição. E o Timbu esqueceu do hiato técnico que existe entre a Série C e a B.
Na Ilha do Retiro, Daniel Paulista dançou e veio Jair Ventura. Começou a todo vapor. Mas já tá mostrando sinais de que não tem muitas alternativas para aguentar a sequência de jogos de uma competição difícil que é a Série A.
Nos primeiros jogos de Ventura, o Leão atuou com a “casinha fechada”. Era no contra-ataque que conseguia seus gols e fazia uma retranca daquelas em que o coração de rubro-negro saia pela boca. Aos poucos, a tática ficou manjada. E agora, o treinador não tem alternativas de jogo.
Nos Aflitos, o Náutico mudou de comportamento quando Gilson Kleina assumiu o comando no lugar de Gilmar Dal Pozzo. Pelo menos pareceu mais organizado e com um propósito dentro de campo. Mas assim como o Sport, o Timbu tem elenco desequilibrado. Defesa nunca inspirou confiança, meio campo depende de Jean Carlos e ataque não acerta o pé.
A diretoria apostou em manter a base do ano passado e trouxe jogadores cascudos para a Série C ou atletas que já tiveram história nos Aflitos: como são os casos de Erick, Tiago, Kieza e Jorge Henrique. Desses, só o último vem atuando bem.
As deficiências de Náutico e Sport não podem ser atribuídas a um treinador, a um jogador ou a um dirigente. Caça às bruxas não adianta nesse momento. O que é preciso fazer é uma reavaliação para uma retomada. E engloba tudo. O que vimos foram escolhas precipitadas, sem critérios. Quando os resultados não vêm, bate o desespero. A bronca, agora, é fazer mudanças no time com as peças que têm.