Mônica Silva e Sebastián Acevedo estão à frente do projeto Gondwana Futebol & Cultura/ Divulgação
Em um Brasil pluricultural, influenciado pela quantidade de correntes migratórias que recebeu ao longo da história e com 56% da população que se declara negra (entre pretos e pardos), surge o projeto Gondwana Futebol & Cultura que usa o poder universal do futebol para produzir conteúdos, contar histórias e empoderar comunidades da América Latina e África.
A dupla latina formada pela jornalista e fotógrafa brasileira, Mônica da Silva, e pelo empreendedor e facilitador esportivo chileno, Sebastián Acevedo, deu o pontapé inicial percorrendo lugares da Bahia e Pernambuco, seguindo o roteiro que estudaram sobre o contexto social e cultural dos povos vindos de países africanos até Estados Brasileiros.
“Queremos vivenciar e divulgar saberes para a área da educação, cultura, esporte e por meio do audiovisual. O conceito de conectar a bola e a câmera, surge porque se tratando do futebol, é o esporte mais popular do mundo e está em todos os cantos da sociedade. E a câmera entra nessa jogada para registrar esses momentos”, diz Mônica.
A bola como língua universal será a tinta que vai escrever esse 1° capítulo da história para conhecer um Brasil-Afro, que é caracterizado pelo ritmo, alegria e resiliência ancestral. Por meio de fotos e vídeos registrados na Bahia e Pernambuco, já há relatos no perfil do instagram (@gondwana.fc) de vida, arte, música, dança, gastronomia e o futebol como tema central da sociedade.
“Foi a minha primeira vez nestes estados brasileiros. E como chileno, percebi o quanto a bola nos aproxima sem falarmos o mesmo idioma. Joguei com diversas pessoas nas ruas, nas praias, nos campos de terra. Para mim, foi uma excelente experiência, pois também pude aprender sobre a cultura local e mostrei a proximidade da cultura latina, o idioma espanhol está bem próximo do português. Afinal, somos hermanos (as), outros países latinos estão ao lado do Brasil“ diz Sebastián.
Mônica e Sebastián se conectaram com dois projetos sociais que estão em lugares de influência afro-brasileira. Visitaram uma das comunidades mais antigas de Salvador, o Candeal, local que respira arte, música e futebol. A Escolinha Mulekada conta com a participação de aproximadamente 200 pessoas, entre 4 e 17 anos, cujo objetivo é desenvolver trabalhos sociais e educacionais por meio da bola.
Já em Olinda, a troca de passes foi com Raízes FC, time de matriz africana que surgiu a partir do projeto Maracatu do Terreiro de Pai Adão. Eles ensinam percussão, dança e futebol para cerca de 80 participantes, entre 5 e 17 anos. Importante destacar que os criadores da escolinha viajaram para a Nigéria em 2013 em busca das histórias de suas famílias, que chegaram ao Brasil em 1875.
A riqueza cultural do Brasil, fez com que os idealizadores tivessem a iniciativa de produzir um curta-metragem que foi lançado no Canal do Youtube e na página de parceiros no mês da Consciência Negra.
O documentário se chama Gondwana A Bola Conecta, e estreou no dia 20 de novembro. Durante 23 minutos foram apresentadas imagens sobre a influência Africana na Bahia (Barra, Candeal, Pelourinho, Rio Vermelho e Ribeira) e Pernambuco (Lagoa do Carro, Recife e Olinda).
A equipe Gondwana F&C está em busca de apoiadores, parceiros e patrocinadores para que possam avançar com o projeto e gerar impacto social, econômico e cultural. Entre os objetivos, fazer um fotolivro, exibição do “Cinema na Rua”, produzir uma Série no Brasil a partir de 2022 e na sequência por países da América Latina e África. Além de oferecer oficinas de fotos e futebol que permitam desenvolver pensamento crítico e outras habilidades.
O curta-metragem Gondwana, A Bola Conecta é uma produção independente, de 23 minutos, gravado de câmera celular e profissional, com edição e montagem do documentarista Cristiano Fukuyama. Está nos idiomas português, inglês e espanhol.
O Começo
Mônica e Sebastián se conheceram na cidade de São Paulo, no Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu. Ambos descobriram um sonho em comum: viajar pelo mundo usando o poder transformador da bola e a magia da câmera para conhecer, integrar e empoderar culturas. Por isso planejaram, por mais de um ano, um projeto piloto que servirá de ponto de partida para converter seus conteúdos em uma série a partir de 2022.
O nome do projeto, Gondwana, foi um supercontinente que existiu ao sul da linha do Equador, por volta de 200 milhões de anos, durante o período triássico, que inclua a junção de terras dos atuais continentes da Antártida, América do Sul, África, Índia, Austrália, Nova Zelândia, Madagascar, Nova Guiné, Nova Caledônia, além das Ilhas Seicheles. O nome escolhido para o projeto representa um ponto de encontro entre a cultura latino-americana e africana.