Foto: Anderson Stevens/Assessoria do Sport
Como se não bastasse a atuação segura durante os mais de 90 minutos de bola rolando na partida contra o CSA-AL, garantindo o 0x0 no placar, o goleiro Mailson pegou três pênaltis e levou o Sport às semifinais da Copa do Nordeste.
Atuação marcante. Digna de goleiro titular absoluto, de ídolo, de jogador que se pode classificar como “É ele e mais dez…”. Mas não é bem assim. Mailson ainda está construindo a sua história e, portanto, ainda há quem desconfie da sua qualidade.
Ao final da classificação leonina, recebi no meu whatsapp: “Esse goleiro é uma m…”. Mensagem de um amigo rubro-negro que ainda está cismado com Mailson. Pela manhã, um outro torcedor, que sequer havia visto à partida, temendo uma derrota e foi fazer outra atividade para não “ter raiva”, foi logo dizendo quando me viu: “Antes de fazer uma coisa boa, ele faz dez ruins”. Valei-me, que cisma!
No ano passado, durante a disputa da Série A, defendi a ideia de que o Sport precisaria da contratação de um goleiro. Isso foi durante a apresentação do programa Blog do Torcedor, na Rádio Jornal. Cutuquei a ira dos amigos Marcos Leandro e Antônio Gabriel, que defendiam a titularidade de Mailson.
A minha teoria nada tinha a ver com a qualidade do goleiro rubro-negro que, para mim, desde o ano passado, já mostrou que merece ser titular absoluto. O fato é que ter mais um goleiro experiente no elenco seria bom para a concorrência interna, um querendo fazer o melhor para justificar a titularidade. Em 2021, o Leão só tinha Carlos Eduardo e Denival, irmão de Mailson, ainda muito jovem. Pouco para a disputa de uma Série A.
Enfim, com ou sem goleiro experiente no elenco, o fato é que Mailson é o titular. E o que pode fazer com que os invocados de plantão mudem de avaliação sobre sua qualidade técnica? O tempo e o bom senso dos torcedores. Regularidade nas próximas partidas.
Mailson ainda vai precisar de uma sequência de grandes atuações para conquistar a boa vontade de alguns torcedores e, principalmente, conquistar títulos. Ou seja, tudo isso só o tempo e muito trabalho pode acontecer. O bom senso está no fato de, para construir essa história, os erros vão acontecer. Mailson tem apenas 25 anos. As falhas já cometidas na temporada mostram que ele precisa evoluir. E que bom que precisa. Afinal, se tivesse chegado ao seu máximo, não teria estrada a percorrer.
Em todas essas avaliações que ouvi dos amigos rubro-negros, o ídolo e ex-goleiro Magrão foi citado. “Ali, sim, era um grande goleiro….”
Engraçado que ninguém lembrou de como Magrão chegou no Sport. Em 2005, indicado pelo técnico Zé Teodoro. Teve que ralar para ganhar a posição para Maizena. Foi vaiado em uma porção de jogos. Numa partida contra o Estudantes, de Timbaúba, levou um gol de fora da área e foi vaiado ao final da partida. Pensou até em parar de jogar. Mas seguiu. Teve sequência de jogo, superou as vaias e se tornou um dos maiores ídolos do clube.
A maturidade de Mailson já foi exposta quando ele assumiu a responsabilidade de ser titular do Sport no lugar do ídolo, seu e da torcida do Sport. Não é uma tarefa fácil. Não é todo mundo que encara a missão com naturalidade.
E sua resiliência está aí para quem quer comprovar quando o jovem goleiro rubro-negro subverte uma falha fatal, que resulta em gol, em um combustível para evoluir no lance seguinte.
Mailson sabe que a posição que escolheu jogar não tem tempo para lamentações. Não pode dar trela para o passado sob o risco de repetir os erros. É seguir em frente como se nada o tivesse derrubado. Nem um gol fácil, nem as palavras.