Confesso de não gosto de ver o Brasil enfrentando times pouco tradicionais em jogos eliminatórios de Copa do Mundo. Especialmente quando se vê aquelas equipes sem casca para encarar uma seleção pentacampeã mundial, em que o respeito excessivo se resvala à fragilidade. A Coreia do Sul tem esse perfil, o que se concretizou quando a bola começou a rolar. O Brasil foi supremo. Fez 4×0 no primeiro tempo e o jogo virou festa. Mas sem graça para quem, como eu, queria competitividade. A Coréia só diminuiu o placar na reta final da partida. E o Brasil vai encarar a Croácia nas quartas de final. Que maravilha! Mas a seleção segue sem ser testada.
Mas eu desliguei a tomada quanto a minha exigência a partir do momento em que Tite entrou em campo bem antes de a bola rolar para abraçar a esposa e a filha. Acima de qualquer coisa, eu gosto de humanidade no futebol. E Tite, apesar de ter minhas críticas, meu posto de vista diferente, é super-humano. Um cara que quer o Brasil campeão acima de tudo. Mais do que valorizar o seu currículo. Tornou sua equipe unida, compacta, com a visão de levar a seleção festejar cada vitória. E não apenas um ou outro atleta. Futebol é coletivo, amigos. É sempre bom lembrar.
O Brasil abriu o placar com Vini Júnior, num gol que valeu pela coletividade. Jogada pela direita, bola cruzada, ninguém afastou e o atacante pegou a bola dentro da área. Com paciência e sabedoria, mandou a bola por sobre os coreanos e estufou as redes. Naquele instante, o Brasil colocaria a Coreia do Sul no chão. A goleada estava desenhada. Falei com os amigos: acabou o jogo. O Brasil construiria o placar sem dificuldades. E foi o que aconteceu. Quatro gols no primeiro tempo com folga para fazer até mais.
Desconsiderando a fragilidade do adversário, da qual o Brasil não tem a menor culpa, a seleção faz o que tinha que ser feito: mostrou um futebol veloz, alternando jogadas pelos lados, com Vini Júnior e Raphinha jogando muito. E a volta de Neymar foi para lá de importante. Jogador referência da seleção, nem parecia que vinha de uma contusão séria. Além de jogar bem, fez o gol de pênalti. Richarlisson também deixou sua marca, fazendo um golaço, numa jogada que valoriza a coletividade. Na comemoração, fez Tite fazer a dança do pombo. Mas que maravilha.
Não há o que falar muito taticamente da seleção brasileira diante de um adversário tão frágil . A equipe verde e amarela não foi testada. Mas fez valer superioridade, mostrando humildade, seriedade e humanidade, coroada com a homenagem ao Rei Pelé. Que maravilha.