Que final. Que jogo. Que clássico. Que partida. Que decisão de Copa do Mundo. Confesso: estou enrolando nesses períodos curtos porque não sei o que escrever sobre essa final de Copa do Mundo do Catar, entre França x Argentina. Acho que vou começar logo pela data: 18 de dezembro de 2022. Jamais vou esquecer. França e Argentina protagonizaram a melhor partida de futebol que eu já vi na minha vida. Não vou me arriscar descrever detalhes técnicos e táticos desse jogo, pois ele foi mágico, universal, maravilhoso pela sua sua grandiosidade técnica e, principalmente, pela carga emocional que envolveu os jogadores em campo, no banco, comissão técnica, torcida no estádio e no mundo inteiro. Franceses e argentinos empataram em 3×3. Uma final de seis gols. Uma lá e cá danado. E uma disputa de pênaltis daquelas de parar o coração. Meus amigos… Que jogo! E nunca foi tão bom reescrever esse texto. E maravilhoso ver uma final com dois grandes craques. Messi, em sua última Copa, comemora o título que lhe faltava. Mbappé fez um jogo espetacular e, por pouco, conseguia seu segundo título consecutivo e ainda tem uma estrada para percorrer… E cá para nós: fazer três numa final de Copa é para poucos.
A final trazia uma particularidade antes mesmo de a bola rolar. Incrível como eu vi muitos amigos, que sempre torciam o nariz para a Argentina, torcer fervorosamente para a seleção argentina nessa decisão. E tudo isso tinha um motivo: Lionel Messi. Impressionante a mobilização do torcedor brasileiro em torno do argentino que faz até a linha anti-marketing, mas joga bola e respeita muito os adversários. Na decisão, a Argentina entrou nesse embalo de Messi em alta no Mundo. E foi avassaladora. A França sequer conseguia sair do meio de campo. Mbappé não tocava na bola. Giraud também. Grizmann errando tudo. E a Argentina, com Di Maria, sendo a surpresa da partida e jogando tudo na ponta esquerda, atacando com tudo. Impressionante. Fez 2×0 com tamanha facilidade que fez Dechamps mudar a França ainda no primeiro tempo. Sobraram Giraud e Dembelé. Parecia desespero. Parecia… Foi personalidade e uma personalidade incrível para tomar uma decisão.
O segundo tempo foi daqueles para a Argentina administrar. Mas estava movimentado. A França queria jogo, mas não conseguia fugir do bloqueio argentino. O tempo passava e o cenário não mudava. No meu celular, as mensagens pipocavam. Havia quem já comemorava a vitória argentina. Imagino até abrindo aquela cerveja e comendo a suculenta picanha. Eu estava na metade do texto, dando a vitória para a seleção de Messi. Fiz uma comparação à Copa de 98, que encerrou no categórico França 3 x 0 Brasil: a Argentina fazia o papel da França e a França do Brasil. O atropelo estava sendo grande. Mas o segundo tempo foi completamente diferente. Eu estava com o texto bem adiantado. Com a mensagem da minha amiga Luciana Ourique “Viva, é campeã!” no zap, aquela ânsia de deixar o texto pronto para ser publicado assim que o jogo acabasse, mas com aquele ranço do Vicente Matheus “o jogo só acaba quando termina” no juízo.
É, amigos… Tenho mesmo que aprender que seguir minha intuição. O segundo tempo foi outra história. O craque Mbappé acordou. Num pênalti bobo, o camisa 10 diminuiu o placar, aos 34 minutos. A partir daí, diminui o ritmo da escrita. Faltava pouco para acabar o jogo, não é? Pode ser pouco para estar na poltrona, mas muito para quem estar no jogo, para quem acredita. E Mbappé acreditou. Fez um golaço 4 minutos depois. Tudo igual. 2×2. Inacreditável. A França estava viva. A Argentina parecia abatida. Eu larguei o notebook. Descartei o texto que estava finalizando. Vamos celebrar o que eu estava vendo na TV. Meus amigos, que jogo. Que jogo!!!!
Vem a prorrogação. E eu imaginando a Argentina abatida. Que nada. Equilíbrio total. E Messi com um gás impressionante. Parecia um menino buscando o jogo. Futebol é coração. Está provando. É sangue no olho. É acreditar até o fim. E fazer valer o seu desejo, colocar em prática o seu talento. Messi fez o 3×2, depois que Llorri fez uma defesaça. Isso no segundo tempo da prorrogação. Acabou, né? Nada disso. França não desistiu. Os balados atacantes franceses estavam fora de campo. Mas a França tem conjunto, força, coração. Foi em frente. Mais um pênalti. E Mbappé fez. O seu terceiro gol numa final. Im-pres-sio-nan-te! Que jogo.
A tradicional cobrança de pênaltis é bom demais para quem gosta de futebol e que não tem seu time envolvido. Mas a atmosfera brasileira era argentina. Por incrível que pareça, vi muita gente torcendo por Messi, pelos que vestiam azul celeste e branco. Aqui, onde vi o jogo, ouvi fogos a cada gol argentino. Estou eu na 9 de julho? Que jogo de louco. Que maravilha de loucura. Disputa de pênaltis é cruel, sim. Num jogo como esse, as duas seleções deveriam sair como vencedoras. Mas não pode ser assim. O futebol tem os dois lados da moeda. É preciso ter a alegria e a tristeza para a vida ter sentido, para a vida ser melhor absorvida e reconstruída. Messi sorriu no final. Levantou a taça do tricampeonato. Merecidamente. Levantou o troféu de melhor da Copa. Merecidamente. E MBappé ficou com a artilharia.
Nós, mortais, diante da TV, em êxtase.
Obrigado, futebol. Que espetáculo!