Foto: Bela Azoubel.
Por Daniel Schvartz
Em mais um 13 de Maio, os torcedores do Sport acordam ao som da alvorada de fogos, lançados da Ilha do Retiro. Mais um ano de vida de um clube centenário e vencedor, mas que, vez por outra, também causa algumas estremecidas no relacionamento. Afinal, o futebol é muito dinâmico. Nem só de felicidades vive um torcedor. E, no fundo, todos sabem que essa mistura de sentimentos é a graça desse esporte.
Desde dezembro de 2018, Milton Bivar reassumiu o posto de presidente do clube. Muitos problemas a solucionar e desafios a enfrentar. Após quase seis meses de gestão, o blog Marcelo EC resolveu fazer um balanço do que já foi feito e o que ainda espera o Leão para o restante da temporada. Confira!
Oposição vence após 32 anos
Desde 1986, quando Homero Lacerda garantiu a cadeira da presidência, um representante da oposição não vencia uma eleição no Sport. Essa informação pode ser interpretada de duas maneiras: bons trabalhos foram desenvolvidos por todo esse tempo ou a aliança política dentro da situação era muito forte. Interpretem como quiser…
Mas, nas últimas gestões (Humberto Martorelli e Arnaldo Barros), o que se viu foi um racha interno sem precedentes. Discussões, acusações e crises que a torcida do Sport já tinha esquecido como era. Além disso, o clube acumulou uma grande dívida, outra situação que há tempos os rubro-negros não se preocupavam.
A necessidade de mudança era notável. Isso não quer dizer que o escolhido seria um nome novo no cenário. Pelo contrário, o apelo por parte da torcida foi tão grande, que Milton Bivar se candidatou e, de “goleada”, levou a eleição, com 86,7% dos votos. A última vez de Milton como presidente foi na conquista da Copa do Brasil, em 2008. Fato que, sem sombras de dúvidas, determinou os rumos do pleito.
Além da questão vencedora, a torcida sentiu o peso das decepções. E elas vieram com nomes tratados como “renovação” para o clube. Isso foi o que mais pesou. Não teria espaço, nesta eleição, para arriscar. A torcida só comprovou isso.
Fora da Copa do Nordeste e Copa do Brasil
Se por um lado já era do conhecimento da nova gestão, a não participação no torneio regional foi motivo de troca de farpas por um bom tempo. Afinal, o motivo alegado (valor das cotas) não cabia na prática. Além do mais, a Copa do Nordeste é um campeonato de forte apelo junto à torcida, por conta dos clássicos que proporciona no parado início de temporada. Se este ano o Sport ainda ficou de fora, Milton Bivar fez questão de garantir o clube na próxima edição.
Porém, uma decepção pegou a torcida com muito mais força. O time foi eliminado na primeira fase da saudosa Copa do Brasil. E não foi de qualquer jeito. Levou um sonoro 3×0 da Tombense, em Minas Gerais. De quebra, viu seu maior ídolo, Magrão, falhar em dois gols. Além da falta de resultado dentro de campo, o Sport deixou de embolsar algumas premiações financeiras, de extrema importância pela situação atual e que já era esperada pela diretoria. Início tenebroso pelas bandas da Ilha do Retiro e hora de repensar o planejamento.
Chegada de Guto Ferreira e nova esperança para a torcida
Após a demissão de Milton Cruz, o staff do Sport não demorou muito para fechar com um novo comandante. Diga-se de passagem, um tiro certeiro no que o mercado proporcionava. Guto Ferreira chegou com uma grande expectativa da torcida, que foi correspondida de imediato.
Com o treinador, o Sport passou a jogar melhor, bem postado taticamente e com uma troca de passes que ainda não havia apresentado. De quebra, conquistou o título do Campeonato Pernambucano. Com certa emoção, é verdade. Mas, o bom desempenho de Guto pode ser visto nos número. Em 10 jogos, o Sport venceu seis, empatou três e perdeu apenas um.
Algumas peças, como Hernane e Guilherme, evoluíram dentro de campo. Outras como Sammir e Juninho, estão sendo resgatadas. Por mais que ainda precise de algumas contratações pontuais, o elenco demonstra estar entrosado e em sintonia com Guto Ferreira.
Série B e a necessidade do acesso
Desde o início do ano, todos na Ilha do Retiro já sabiam que o principal objetivo do clube seria buscar o acesso à série A. Após cinco anos na primeira divisão, o Sport recebeu um choque de realidade e ainda viu suas cotas diminuírem em um momento delicado financeiramente. Qualquer resultado que não seja o acesso, será tratado como uma catástrofe.
Por mais que ainda não tenha vencido (foram 3 jogos e todos empates), os resultados não parecem preocupar a diretoria ainda. Posso dizer dois motivos para isso: a sequência inicial foi complicada. O Leão teve alguns adversários diretos na briga pelo acesso. Como no caso do Bragantino e Figueirense, além de América-MG e Londrina, os dois próximos embates. Além disso, as apresentações do time ainda estão variando.
Um exemplo disso é se compararmos os jogos contra o Bragantino e Figueirense. No primeiro, o time teve espaço, jogou melhor e não saiu com a vitória porque perdeu muitas oportunidades. No segundo, o time não conseguiu achar uma brecha no fechado time de Santa Catarina, mas também não sofreu perigo. Ou seja, são apenas ajustes que precisam ser feitos.
No geral, a nova diretoria vem proporcionando uma boa perspectiva à torcida. Administra com os pés no chão, fez um elenco competitivo e voltou a atrair bons públicos à Ilha do Retiro. Resgatou a confiança dos rubro-negros. Porém, nada disso vai adiantar se, no fim do ano, o acesso não vier. É aquela história do copo de água. Hoje ele está meio cheio…