O principal foco do Trio de Ferro do futebol pernambucano é o Campeonato Brasileiro. O acesso de divisão das equipes é, sem dúvida, o oxigênio de Náutico, Santa Cruz e Sport. Mas o motivo que me faz escrever esse texto é a curiosa situação das equipes na competição nacional. Elas vivem momentos tão semelhantes. Têm equipes limitadas, oscilam bastante na competição, encaram crises financeiras e, embora tenham deixado no ar se tinha necessidade de contratação de reforços, caíram em campo no mercado e foram em busca de peças para os elencos.
Náutico e Santa Cruz são ainda mais semelhantes. Viveram uma troca de treinador quase no mesmo período. E, até agora, a mudança foi mais motivacional do que técnica e tática. Mesmo assim, cresceram e estão no G-4. No Timbu, Gilmar Dal Pozzo encarou uma decisão logo na sua estreia. E conseguiu superar o Campinense para garantir vaga no Nordestão 2020. Isso mexeu com o motivacional da equipe, que ainda não sabe o que é perder sob o comando do treinador.
Na verdade, ao final do Estadual, os alvirrubros nem estavam esquentando a cabeça para trazer mais tantos reforços. Iam trazer alguns reforços pontuais. Mas bastou empatar em casa contra o Globo para para perceberem que o fôlego do Timbu é curto. E aí, o pacote de jogadores chegarem. Alguns já fizeram suas estreias. Contra o Sampaio Corrêa, o time venceu convencendo. Surpreendentemente, a defesa esteve bem e o ataque aproveitou as chances. Contra o Botafogo-PB, no domingo, o Náutico pode mostrar um futebol mais organizado e mais uniforme, e propondo o jogo diante de um adversário qualificado que foi vice-campeão do Nordestão.
O Santa Cruz ganhou realmente um gás danado na volta do técnico Milton Mendes. Eu sempre falo que a saída de Leston Júnior aconteceu justamente quando as peças ofensivas que haviam sido contratadas estavam ganhando entrosamento e tirando das costas de Pipico a responsabilidade de resolver sempre as situações difíceis. Na estreia, o Santa Cruz venceu o ABC-RN, por 2×1, contando com uma sorte danada. Diante do Imperatriz, fora de casa, vitória por 1×0, numa dose de sorte. Faltava aquela vitória acachapante. Ela aconteceu contra o Confiança: 3×1. O time parece ter encorpado. E contra o Globo pode ser a prova para essa evolução.
Na Série B, o Sport também oscilou demais. Poderia estar dentro do G-4, com certa folga, se a equipe não variasse tanto de postura. Para mim, o Leão só jogou mesmo bem contra o Bragantino, na estreia da competição. Contra o Vitória, apesar dos 3×1, oscilou, e na vitória por 1×0 sobre o CRB-AL, fez um primeiro tempo “dá para o gasto”, e um segundo tempo ruim. Parecia que o time estava já de olho na folga da Copa América. Aliás, se tinha algo que o Leão precisava seria essa parada na Série B. O Sport jogou muito pouco nessa temporada. Precisa manter o ritmo. E precisa que os últimos reforços se encaixem. Guto Ferreira precisa fazer o time jogar mais leve, com velocidade na transição para levar o Sport ao G-4. Até agora, tá deixando a desejar.
Enfim, ficou evidente que há uma gritante diferença técnica entre as competições do primeiro semestre com o do segundo. Claro que Nordestão e Pernambucano são importantes para a formação do elenco, para dar ritmo aos jogadores, para criar o clima de competitividade, para dar dinheiro e fazer a cidade respirar rivalidade. Mas é preciso ter olhar crítico. Saber onde as equipes podem chegar. Um título conquistado nem sempre significa time fortalecido. Até porque as competições têm perfis diferentes e o elenco e, sobretudo, o treinador precisa saber jogar.
Fotos de Gilmar e Milton: Ricardo Fernandes/Spia Photo.