Foto: Anderson Stevens/@sportrecife
Mistérios rondam o Sport desde a reapresentação do elenco, na última sexta-feira: o que fez o goleiro Magrão desaparecer? Por onde ele anda? O que passa por sua cabeça? Porque não comunicou sua decisão à diretoria? O que o deixa insatisfeito? Não quer ser mais reserva? Tem proposta para outro clube? Quais seus planos para o futuro? Encerrou a carreira? Quer renovação de contrato? Enfim, são tantas dúvidas que a diretoria rubro-negra, ao que parece, não sabe o que fazer a não ser esperar. Mas, nos tempos da comunicação express, nada justifica o silêncio.
Magrão pode ter inúmeros motivo para não fazer sequer uma ligação para o clube, ou enviar um e-mail, uma mensagem no Whatsapp… Mas uma coisa está bem clara: a sua atitude não condiz com sua história. Não condiz com sua grandeza, construída com muito suor vestindo a camisa do Leão. Nunca se envolveu em polêmicas, nunca fez uma declaração explosiva, nunca foi de birra e nem deixou o ego falar mais alto. Mas o seu silêncio está sendo mais barulhento do que qualquer das rebeldias citadas. Porque é ídolo e sempre foi referência para crianças, jovens e adultos. E sua postura, agora, nada tem a ver com o Magrão que todos conhecem.
O goleiro tem uma bela história no Sport que dura 14 anos. Uma história de superação. Chegou como desconhecido, encarou a fúria da torcida, as críticas da imprensa e se firmou como ídolo de maneira inquestionável. Conquistou títulos. Salvou muitas vezes o Sport de derrotas. Com muita dedicação e respeito, fez o torcedor rubro-negro reverenciá-lo. Ao ponto de cogitarem a construção de uma estátua para homenageá-lo. Até os torcedores rivais o admiram. Isso é tão bonito, quanto raro.
No entanto, a relação é mão dupla. É verdade que o Sport deve muito a Magrão nesses últimos anos. Por outro lado, Magrão também deve muito ao Sport por sua evolução no futebol. Portanto, o respeito tem que ser mútuo. O parceiro Lucas Liausu resgatou no texto que escreveu para o GloboEsporte.com uma declaração de Magrão na qual diz que não aparecer no treino é porque encerrou a carreira. Pensei que fosse no sentido figurativo. Só que foi literal. E isso causa uma repercussão negativa desnecessária, principalmente para a sua história no clube que sempre foi calcada por respeito, dedicação e bom comportamento.
Enquanto isso, a diretoria não sabe o que fazer. Punir um ídolo? Não vai. Ameaçar uma suspensão? Não vai. Resta esperar. Mas é importante expor o incômodo causado e cobrar um posicionamento do goleiro. Magrão, por mais gigante que seja, é funcionário do Leão. E, sendo assim, é preciso dar uma satisfação. Hoje, o silêncio de Magrão soa como rebeldia. Aos 42 anos, o goleiro parece não saber lidar com o final da sua carreira (de fato, não é uma decisão fácil). Magrão poderia escrever uma capítulo diferente na temporada. E preparar um tapete vermelho para sua despedida que deve acontecer em breve, mas que apenas ele tem total liberdade para decidir quando será.