O goleiro Magrão ainda não quebrou o silêncio. Como também não reapareceu. E dificilmente vai reaparecer. No final da manhã desta terça-feira, veio o motivo pelo qual o ídolo do Sport não apareceu no clube para treinar: alegando atraso de salários, acionou a Justiça contra o clube. O presidente do Leão, Milton Bivar, procurado pela imprensa, disse que só vai se pronunciar sobre o assunto depois que for notificado oficialmente pela justiça.
Para renovar seu contrato, Magrão teria aceito compactuar seu atual salário com as dívidas da gestão passada. O acordo feito, mas segundo o atleta, não cumprido. Várias conversas teriam acontecido. Novas promessas feitas e nada do dinheiro sair. Magrão esperou a parada no Campeonato Brasileiro para sair de cena. E cobrar o acordo feito na Justiça. Como profissional, Magrão tem todo direito de escolher tal caminho. Ao se sentir lesado e percebendo que teria muito futuro conversar com os dirigentes, foi cobrar sua dívida fora do clube.
Acontece que Magrão não é um atleta qualquer no Sport. Magrão é uma referência de uma geração. O goleiro fez muito pelo clube. Mas o clube também fez muito por ele. A torcida o ama. Durante mais de uma década de Ilha do Retiro, Magrão viveu mais céu do que inferno com a torcida. Os rubro-negros não o imaginam fora do clube. Por isso, o goleiro poderia ter considerado mais essa relação com o torcedor e a instituição.
Bastava uma declaração nas redes sociais, explicando sua situação e ausência. Simples assim. Os torcedores se sentiram respeitados, entenderiam o caso e cobraria uma solução da diretoria. Mas optou por mergulhar na chateação com os dirigentes, deixando de lado sua bela e límpida história. Talvez por sentir que já esteja perto de se aposentar ou porque ainda acumula a chateação por estar na reserva do Sport.
Por outro lado está a diretoria rubro-negra. Se realmente propôs um acordo e não cumpriu, está errada. Toda a imprensa e torcida sabem que a situação financeira não está fácil. O pepino a ser descascado na Ilha do Retiro é enorme. Ao propor um acordo, a diretoria deveria ter uma carta na manga para cumprir a promessa. Principalmente em se tratando de um ídolo feito Magrão. É questão de respeito.
No final das contas, a história foi um desgaste para os dois lados.