O bastidor político do Sport está quente. Aliás, ele nunca esfriou desde o final do ano passado. O que o levou a uma temperatura quase insuportável foi a última reunião do Conselho deliberativo. O ex-presidentes João Humberto Martorelli e Arnaldo Barros foram afastados do quadro de sócios. O relatório da reunião aponta irregularidade da prestação de contas. E ele será encaminhado para o Ministério Público. Clima pesado mesmo. Algo que há tempos não se via pelas bandas da Ilha do Retiro. Martorelli e Barros não perderam tempo e enviou uma nota de esclarecimentos ao clube. A nota já se espalhou nas redes sociais. Eles se defendem e acusam a atual gestão de dar “guarida” à torcida organizada do clube. Confira a íntegra da nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTOS SOBRE O SPORT
Tendo em vista as notícias veiculadas a respeito de decisão do Conselho Deliberativo do Sport Club do Recife com críticas às gestões dos ex-Presidentes João Humberto Martorelli e Arnaldo Barros, e desde logo agradecendo as inúmeras manifestações de solidariedade recebidas, os dois ex-Presidentes esclarecem que:
1 – O alegado aumento de passivo do Sport decorre do fato de que, a partir da gestão de Martorelli, o clube passou a reconhecer integralmente nos balanços valores de dívidas tributárias cujos débitos originais correspondem a exercícios anteriores a 2014 (o clube não pagava sequer o IPTU da sede e ignorava isso no balanço) e diversos outros passivos que também não eram reconhecidos na contabilidade. Não se trata, portanto, de endividamento financeiro ou de qualquer outra natureza, mas de ajuste contábil necessário e de acordo com as boas práticas contábeis e de governança.
2 – Dando continuidade a um processo iniciado na gestão de Gustavo Dubeux, o clube, na gestão de Martorelli, passou a se profissionalizar, regularizou todos os tributos, passou a registrar adequadamente seus movimentos contábeis e financeiros, abriu conta bancária (que não existia) e obteve todas as certidões negativas.
3 – O Sport conseguiu nas renegociações de seus contratos televisivos com a Rede Globo, entre final de 2015 e início de 2016, receitas extras de R$ 70 milhões. Ao contrário do alegado, as negociações, tidas como antecipações irregulares, foram formalizadas em contratos e aprovadas na reunião do Conselho Deliberativo (CD) de 6/6/2016. Nessa reunião, conforme consta expressamente da respectiva ata, Martorelli alertou textualmente que “esta renegociação renderia um desconto de R$ 18 milhões para o período 2019/2020”. O CD aprovou e autorizou a utilização dos recursos pelo clube, tendo o conselheiro nato Wanderson Lacerda sugerido que parte deles fosse utilizada na construção do hotel do CT, o que foi feito.
4 – Todas as despesas realizadas nas duas gestões estão devidamente contabilizadas e foram auditadas por auditoria internacional de primeira linha.
5 – A suspensão dos direitos de sócio de Martorelli e de Arnaldo é um ato irracional, irresponsável e de puro revanchismo, a serviço, voluntário ou não, da Torcida Jovem, que, ela sim, foi e deveria continuar banida do clube, ao invés de estar prestigiada pela atual gestão, como demonstra sua presença maciça na reunião do CD que deu guarida às acusações.
6 – Os acusadores falsos e levianos serão, eles sim, imediatamente processados criminalmente e civilmente por todas as ofensas à honra e à reputação dos ex-Presidentes Martorelli e Arnaldo.
Recife, 13 de Agosto de 2019
João Humberto Martorelli
Arnaldo Barros