Foto: Bela Azoubel/@amoracamisape
A gangorra que vive o Santa Cruz parece ser duradoura. E, por isso, inaceitável. Não se pode achar normal viver como no passado. O Santa é uma embarcação em que os seus tripulantes remam para sentidos distintos. Falo direto assim, sem firulas, para tentar não soar repetitivo. Mas é quase inevitável. Afinal, a nostalgia se instalou no Santa Cruz faz tempo. O clube vive de lampejo. E ficar com o pires na mão parece ser ostentação para mostrar que o Santa Cruz é um clube humilde.
Mas o que os que os dirigentes precisam entender que o Santa Cruz pode ser um clube do povo, da massa, as classes mais humildes, sem deixar de ser organizado e vencedor. Não lembro da temporada em que o Tricolor manteve o salário em dia. Há tempos o clube não permanece na elite do futebol brasileiro por mais de duas temporadas. Inaceitável que, depois daquela subida da Série D até chegar a Série A, o clube volte a agonizar na C. Para os dirigentes, isso parece comum. No entanto, o torcedor já está cansado.
Vejo no presidente Constantino Júnior uma liderança jovem no clube. Algo importante e que o Santa Cruz precisa: novo gás, novas ideias, uma relação diferente com os demais clubes do futebol brasileiro. Mas do que adianta ter um líder que tenta renovar o clube, mas se atmosfera é arcaica. Constantino começou a fazer mudanças necessárias no futebol, após a eliminação na Série C. Mas parece solitário diante de tanta estagnação.
No início do mês, o primeiro secretário do Conselho Deliberativo do clube, Diogo Melo, entrou uma carta de renúncia ao cargo. Os motivos que ele alega para a decisão revela o que já se via: a falta de uma condução moderna no clube. Muitas lideranças, por exemplo, não querem a mudança no estatuto. O momento pede transformação. Mesmo que corte a carne. Mas muitos tricolores preferem a mesmice.
O ano de 2020 já começou no Santa Cruz. Quer dizer, apenas no futebol. Treinador será contratado. Uma nova comissão técnica. Um diretor de futebol remunerado também deve vir. Outros jogadores também serão contratados. No entanto, pouco vai mudar se os corais não a mentalidade de gerir o clube. Já escrevi aqui outras vezes e vou repetir: chega de coitadismo no Arruda. Se o Santa Cruz tem um estádio como o Arruda, uma torcida imensa e apaixonada e vive com o pires na mão, tem algo errado. E esse erro tá dentro do próprio clube.