Treinador deveria ser considerado mágico. Pelo menos na teoria. Eu acho curioso a movimentação dos clubes quando um treinador está para ser anunciado, é contratado, começa o seu trabalho e faz sua estreia. É uma atmosfera tão positiva criada que passo a ter certeza que o único problema no clube era o comando técnico. Como seria bom se fosse verdade.
Náutico e Sport passaram por esse momento quase que simultaneamente. Primeiro foi o Timbu. Gilmar dal Pozzo, que tinha uma moral gigante com os atuais dirigentes, saiu de cena para a entrada de Gilson Kleina. O treinador estreou no empate em 3×3, contra o Juventude, nos Aflitos. Timbu oscilou em campo. Ataque funcionou, defesa vacilou e o empate acabou sendo um alívio.
No Sport, Daniel Paulista foi a opção escolhida pelo presidente Milton Bivar para a temporada. E decepcionou. Nenhum objetivo foi alcançado. Bastaram duas derrotas seguidas na Ilha para Daniel pegar o beco. Jair Ventura chegou empolgado, querendo mostrar serviço e com uma sede danada para mostrar que tem cana para moer nesse cruel mercado do futebol brasileiro.
Não querendo ser pessimista, mas trago uma realidade: não existe treinador bom para time ruim. Ou para time desequilibrado e que não tem foco. Como também não tem treinador bom em clube desmantelado. O comandante pode trazer na bagagem a experiência de ter trabalhado nos mais importantes clubes do mundo. Mas a desordem nos bastidores estiver rolando solta, o trabalho dentro de campo fica capenga.
No Náutico, há uma possibilidade de evolução. Acho o elenco alvirrubro tem carvão para ser queimado. Precisa de mais reforços, é verdade. E um padrão de jogo. Mas o grupo é mais harmonioso. A base está junta desde o ano passado. O clima nos bastidores está tranquilo, o que pode garantir a Gilson Kleina a tranquilidade que precisa para colocar em prática sua filosofia de trabalho.
Já pela Ilha do Retiro, o caso é grave. Para começar, o nível da Série A é alto. E o Sport não formou um elenco com a qualidade necessária para essa disputa. Basta olhar a campanha do clube rubro-negro no Campeonato Pernambucano. Jair Ventura pode estar com maior motivação. Mas se esse time rubro-negro não mudar da água para o vinho, amigos… Sem dinheiro, com os dirigentes batendo cabeça, despedaçado politicamente. Futuro nebuloso.
Mas quem sou para ver o futuro. É melhor esperar o desenrolar dos fatos. E avaliar passo a passo. Vai que Kleina e Ventura conseguem fazer desse início um divisor de águas no Náutico e Sport, respectivamente.