Disputada desde 1969, a Taça São Paulo de Futebol Junior já virou tradição. Todos os clubes esperam pelo seu início com o intuito de colocar a garotada para jogar, revelar talentos, fazer negócios.
Para os clubes pernambucanos, a competição é um oásis. Afinal, a garotada dos clubes do Estado jogam pouco demais para ter uma evolução natural no futebol, com condições físicas e psicológicas de encarar a pressão da torcida, imprensa e dirigentes quando ganham chances no time principal. O que se faz hoje é nas pressas, na base do “estamos sem dinheiro, chama o garoto”. E assim se perde facilmente a joia.
Na atual edição da Taça São Paulo Futebol Junior, apenas Sport e Retrô seguem vivos. O Leão superou a Linense jogando bem e vencendo por 1×0, Vai encarar outro time do interior paulista: o Mirassol. Já o Retrô superou o ABC-RN, por 2×1, e vai pegar o Cruzeiro. Náutico foi eliminado pelo Flamengo, sofrendo um gol nos acréscimos, enquanto o Santa Cruz deu adeus após perder para o Grêmio. O Petrolina foi eliminado na primeira fase. Mas só em ir para a competição já se sentiu um vencedor.
O papel dos clubes pernambucanos na competição já foi bem pior num passado não tão longe. Mas já está na hora de fazer algo mais marcante. No entanto, sem organização e estrutura e, principalmente, sem jogos, fica quase impossível. Os clubes pernambucanos pouco colocam a garotada para jogar competições importantes, com outros clubes bem estruturados, que podem trazer uma vivência diferente em termos de gerenciamento de divisão de base. A Copa SP é algo raro. Na verdade, a chance única de mostrar o seu talento para os olhos da mídia.
Aí, sempre vem a pergunta: o objetivo é revelar o talento ou ser campeão?
Eu defendo a ideia de que os dois objetivos precisam andar de mãos dadas. Porque os garotos precisam construir o espírito vencedor desde cedo. Incutir na mente a luta por títulos ainda quando está em processo de formação. O embrião do vencedor está nesse momento. Essa mentalização está no bojo da construção de um craque. De que adianta um garoto talentoso com a bola nos pés, mas sem um objetivo definido que é ser campeão, ser vencedor? E para isso, também é importante entender que, antes de levantar a taça, vai ser preciso chorar a derrota. Os dois lados fazem parte da construção de um atleta. É bom e importante viver os dois lados.
Com as equipes em ação, acredito que os dirigentes e os técnicos das equipes profissionais tenham visto tudo. Tenham, assim, elementos para trabalhar a evolução dos seus talentos. E saibam usar da melhor forma. Sem pressão. Dos clubes da capital, apenas Náutico e Sport oferecem um CT que dá condição para um trabalho integrado base e profissional. Os dois clubes, no ano passado, acionaram vários jovens talentos durante o Campeonato Brasileiro. Não da forma ideal, com mais organização e sem aquela agonia de ter sido obrigado a acionar os garotos porque não tem dinheiro para contratar. Mas a maioria dos garotos mostraram sua qualidade. E apontaram para os dirigentes que se um planejamento for colocado em prática, frutos virão.