Sport e Náutico já entraram em campo pela Série B e não deram motivação alguma para escrever posts distintos aqui no blog porque o cenário de ambos é semelhante. É bom deixar claro que a coincidência não está apenas no resultado dos jogos. O caso é mais grave porque tudo gira na forma como se administra uma crise, os próximos passos, as tomadas de decisões. Os clubes batem cabeça, andam em círculo e mostram que a ambição na Série B não passa, parafraseando a música do Skank, de uma mosca sem asa, que não ultrapassam janelas das nossas casas.
Ao final da partida contra o Sampaio Corrêa, na última sexta-feira, quando o Sport foi goelado por 4×1, o atacante Kayke, que tem dificuldades para encontrar o caminho das redes, acertar as palavras ao afirmar que o resultado do jogo é reflexo que do que se vive fora do campo. Certíssimo. O Sport vira o turno da Série B em queda técnica, sem foco e sem treinador e num turbilhão de confusão depois que Lisca e seu arsenal de mentiras passaram pela Ilha do Retiro.
Mas não vamos esquecer que administrativamente o Sport vem se arrastando em confusão a mais tempo. Ou alguém aqui já esqueceu da quantidade de presidentes o clube teve no último ano desde que o comando do clube caiu no colo do atual mandatário Yuri Romão. Aliás, Romão, que não tinha pretensão de ser presidente, foi o único que não fugiu da responsabilidade. E, agora, está numa situação complicada, pois apenas seu grupo tenta fazer com que o Sport se erga em campo para conseguir o acesso à Série A.
Missão muito, mas muito difícil, principalmente com o desempenho do setor ofensivo do time em campo. O Leão faz sua pior campanha na Série B na era dos pontos corridos. Atualmente, está em nono, com 27 pontos. Nessa mesma rodada, em 2006, era o terceiro, com 37, e terminou vice-campeão. Em 2010, era o sétimo, com 30 pontos (esse foi o único ano em que não conseguiu o acesso, ficando em sétimo). Em 2011, era o quinto, com 33, subiu em quarto. Em 2013, o quarto colocado, com 31, terminando em terceiro. E, em 2019, era o terceiro, com 32 pontos, e terminou na segunda colocação.
No Náutico, o extra-campo é desastroso. E não é de hoje. Outro dia eu estava tentando recordar qual o ex-presidente do clube, que logo após sair de sua gestão, seguiu contribuindo de alguma forma com o clube, convivendo os bastidores com o intuito de apresentar ideias para sair de uma crise ou manter um elo para troca de ideias, ou indicar novos parceiros. São gestões isoladas.
Quem assume o Timbu encara a linha do “Te vira aí”. Pensei até que Diógenes Braga não teria esse isolamento por conta da sua boa relação de amizade com antecessor Edno Melo. Mas o processo eleitoral foi repleto de escândalos, com denúncia de assédio moral e sexual, nos bastidores dos Aflitos, que o melhor foi não voltar ao clube. Mas vamos combinar também que Diógenes Braga não faz o perfil de se um presidente que divide missões. Sua linha é mais centralizadora. Ele é presidente do executivo e vice-presidente de futebol. Não vejo a diretoria do departamento mais importante do clube tomar uma postura, tomar decisões.
Basta observa que, em 2021 e na atual temporada, o então técnico do time, Hélio dos Anjos, entrou em rota direta de colisão com Diógenes Braga. E nenhum integrante da diretoria de futebol tomou alguma postura para mudar o cenário. O ringue foi armado e a imprensa noticiou tudo. O Náutico vive climas quentes nos seus bastidores há bastante tempo, mesmo sem ter uma oposição atuante, barulhenta. O inferno está dentro do próprio clube. Ninguém esquece as diversas invasões de torcedores na área destinada aos jogadores sem que a diretoria tomasse providências mais severas para que os fatos não ocorressem e nem se repetissem.
Na atual temporada, o Timbu abusou de mudança de treinadores. Começou com o já citado Hélio dos Anjos, que estava no cargo sabendo que estava pisando em campo minado, já que sua relação com a diretoria era terrível. Algo que ele externou na entrevista que concedeu como técnico da Ponte Preta, após a vitória sobre o Timbu. Depois dele, Diógenes Braga trouxe o apagado Felipe Conceição. Sem sangue nos olhos e nem vibração em campo, chegou com prazo de validade definido. Para a decisão do Estadual, chegou Roberto Fernandes. Levantou o título estadual sem fazer o time jogar bola. Demitido em meio à Série B.
Agora, é a vez do jovem Elano Blumer. Poucos trabalhos relevantes e ainda tateando na carreira. Chega para fazer o Náutico mais competitivo na Série B. Elano tem bagagem para isso? Aliás, vou mais além: o Náutico tem time para ter uma postura mais competitiva? Ou seja, o novo treinador tem que fazer uma imensa limonada com o limãozinho que tem. E sua estreia, contra o Londrina, não foi animadora. O futebol foi medonho, terrível. A derrota de virada, por 2×1, foi daquelas em que mostrou o bando que o Náutico é em campo.
E assim seguem Náutico e Sport na Série B: esperando milagres para uma nova e melhor realidade surja.