Uma das teorias do futebol que tem uma boa dose de razão é a que garante que o sucesso do time num campeonato é inversamente proporcional a quantidade de vezes que se troca de treinador. Quanto mais se muda de filosofia de trabalho, mais o time não tem identidade. E ainda tem a questão de relação, não é? Tem treinador chegando e não se dá bem com o elenco ou com a diretoria, ou com a torcida. Enfim, são vários fatores que podemos reforçar a ideia que não se pode mexer muito no comando.
Por conta disso já dá para se entender porque o Náutico está na lanterna da Série B. Garanto que não é à toa. Primeiramente, o time é fraco. Sim, fraco. Não tem outro termo. E parece também haver uma teimosia da diretoria em não reconhecer isso. Em 2021, o Náutico cansou de tomar gols. E praticamente a defesa foi mantida para o ano seguinte. Nada explica. A falta de qualidade é mais um artifício para justificar que de nada adianta mudar de treinador se não há peças para evoluir tecnicamente a equipe. Quem chega para comandar a equipe, não tem muito o que mexer. E temos um filme repedido.
Mas a postagem é sobre a troca de treinadores. Sim, porque o Náutico escreve um capítulo à parte. Cada mudança é uma imbróglio. E uma falta de convicção sobre o que se quer para a equipe. Até porque o perfil dos treinadores são bem diferentes um do outro. Assim, o Náutico, que já não tem qualidade, não tem identidade.
A saída de Hélio dos Anjos nos Aflitos causou rachaduras nas base dos Aflitos. O treinador deixou bem claro o desentendimento que havia com o presidente Diógenes Braga. Nenhuma surpresa, pois os atritos já estavam acontecendo desde a temporada passada. Estava escancarado que Hélio não gostava das intromissões da diretoria no que se refere à escalação da equipe e outras situações que, para o técnico, a diretoria não deveria se meter.
Então, a diretoria do Náutico foi atrás de Felipe Conceição. Um treinador mais caladão, calmo e sem a convicção do que queria para a equipe. O time se arrastou, sem alma, sem vontade, sem garra. Felipe chegou com prazo de validade. Foi demitido às vésperas da final do Campeonato Pernambucano. E quem a diretoria foi atrás? De Roberto Fernandes, com o seu estilo bem diferente do seu antecessor. Vibrante na beira do gramado, o treinador comandou o time em apenas 18 partidas. Não deu padrão à equipe e sua demissão aconteceu logo após a derrota de virada para a Chapecoense, em casa.
Ai, lá vai o Náutico atrás de Elano Blummer. Nada contra o profissional que, quando jogador, me chamava a atenção pela sua versatilidade, especialmente no Santos (jogava em todas as posições. Na Copa de 2010, tinha uma importância grande no esquema de Dunga). Mas como treinador, ainda não se encontrou na carreira. A sensação que tenho é que Elano encerrou a carreira meio sem querer. Vivia em declínio natural da carreira de atleta, não conseguia mais bons contratos, e…. pendurou as chuteiras. Aí, sem planejamento, foi estudar para ser técnico. E ainda está tentando se encontrar.
Essa percepção que tenho do técnico do Náutico é natural com boa parte dos jogadores que terminam a carreira. Não é fácil começar uma nova etapa da vida. Especialmente a de técnico de futebol nesse país onde todo mundo tem um pouco de técnico. Aí, fico me perguntando: qual técnico o Náutico precisa para a disputa da Série B? Um que busca espaço, que ainda procura o seu estilo ou um mais tarimbado que tenha experiência para virar o jogo?
O problema não está em Elano. O técnico está ganhando experiência. Um momento de carreira em que até os erros são até mais importantes do que os acertos para sua construção profissional na longa estrada que tem pela frente.
Mas e o Náutico… como fica?