Mais de seis mil torcedores, ou melhor corajosos torcedores foram para os Aflitos ver o rebaixado Náutico enfrentar o Grêmio. O Timbu fez uma campanha vergonhosa durante toda Série B e diante de um Tricolor Gaúcho que necessitava da vitória para comemorar o retorno à elite do futebol brasileiro. E aconteceu o que se imaginava. Com vontade e foco, o Grêmio fez 3×0 e fez sua festa. Enquanto o Náutico, com mais uma pancada, está terminando a temporada desnorteado, necessitando de um rumo.
Não vamos perder tempo falando da partida. Sinceramente, comentar esse jogo é repetir o texto. Até porque já se sabe o que o Náutico sofreu nessa Série B. Após o confronto, o técnico Dado Cavalcanti não demorou muito para falar com a imprensa. Entre tantos pontos destacado, o treinador falou um aspecto que eu sempre destaquei nas crises do futebol: a falta de resiliência, a falta de convicção, os erros na tomada de decisão.
Em competições equilibradas, há o momento de crise, a turbulência, a sequência negativa de resultados. Mas é exatamente aí que se sabe onde a equipe pode chegar. É saber absorver as derrotas e fazer a mudança de chave. O Náutico não soube fazer isso. Aliás, sequer soube fazer uma avaliação da equipe após a conquista arrastada do bicampeonato estadual diante do Retrô. Tirou os pés do chão, achou que tinha uma forte equipe, a crise veio e o que se fez: mudou o comando.
Foi nesse ponto que Dado destacou. A diretoria do Náutico optou pelo mais simples, tirando o técnico e trazendo outro, acreditando na mudança. Mas mudava-se nome, não a filosofia de trabalho. Na temporada, foram cinco comandantes. A bomba chamada rebaixamento explodiu nas mãos de Dado Cavalcanti, o treinador que melhor soube organizar a equipe quando a crise já estava fora de controle. Já era tarde.
Repito o que já escrevi em outros textos: que os cacos sejam colados e a lição seja aprendida.
Foto: Tiago Caldas/Assessoria do Náutico