Houve um tempo que existia treinadores queridinhos no futebol brasileiro (não vou dizer unanimidade porque aí já demais). A opinião nacional clamava por esse treinador no comando da seleção e, muitas vezes, a CBF não dava ouvidos. Cedia depois de muita insistência. Nos anos 80, a entidade tentou vários nomes após a Copa de 1982, Evaristo de Macedo, Edu, foram alguns deles, até que reconhecer que Telê Santana deveria assumir o cargo de comandante da Canarinha para o Mundial seguinte, no México. Nos anos 90, Vanderlei Luxemburgo assumiu sob aplausos da torcida. Em 2001, em meio a uma crise, a CBF colocou Felipão e a torcida gostou. E gostou mais ainda quando a seleção foi pentacampeã. Em alta, Felipão se deu ao luxo de escolher para onde ia: treinou o Chelsea e a seleção portuguesa. Bom, mas aí é outra história.
O fato é que vivemos outra realidade. A escassez é grande de bons técnicos para assumir a seleção. A prova está na falta de uma “unanimidade” para o torcedor. Fala-se muito que Fernando Diniz, atual técnico do Fluminense, tem o perfil para assumir a missão. Sem julgamentos, mais a lista de bons trabalhos do treinador para ser apontado ao cargo? Acho que tem pouca estrada para isso. E mais: não é uma unanimidade entre os torcedores, muito menos na CBF. Outro dia estava lembrando que Renato Gaúcho estava na boca do povo. Mas se tornou só uma prova de que o futebol é momento. Grêmio bem, Renato no olho do furacão. O rendimento caiu e ninguém mais se falava do treinador. Acredito que é preciso se acreditar num perfil. E que esse perfil já tenha mostrado uma sequência de bons trabalhos. No Brasil, não existe isso. Infelizmente.
Por isso até agora, desde que Tite deixou o comando da seleção brasileira, ao final da Copa do Mundo do Catar, a CBF não efetivou um treinador no cargo. Começamos a temporada com um interino, vejam só a situação. Ramon Menezes já comandou em uma partida e o Brasil já amargou a derrota para o Marrocos. “Ah, mas foi uma seleção mais nova”. “Ah, mas estão apenas começando um trabalho que requer ajustes”…. Não importa. É a camisa da seleção brasileira e fica nos registros históricos. A seleção brasileira quando entra em campo, tem que ganhar. Por isso, já deveria ter um comandante. Até para definir perfil e planejar avaliações de jogadores no mundo inteiro.
Acredito que a CBF, no seu mais escondido bastidor, deseja um treinador estrangeiro. Mas qual seria a repercussão? Só o fato de ser divulgado na mÍdia que Carlos Ancelotti seria o nome da vez, o alicerce do futebol nacional estremeceu. Há receio na CBF que isso possa criar mal-estar entre os treinadores brasileiros, o que acho uma tremenda bobagem. Enquanto isso, a seleção segue com interino… Como se tudo fosse normal.