Foto: Wanderlene Terto/Redes Sociais do Ceará
A final da Copa do Nordeste teve uma bela de festa na Ilha do Retiro. Estádio lotado, iluminação diferenciada, apresentação musical sob o comando de João Gomes, apresentação da taça com ex-jogadores representando os finalistas Sport (Neto Baiano) e Ceará (Magno Alves), enfim… Uma festa digna da paixão do nordestino pelo futebol. Uma festa que os torcedores da região poderiam viver mais, se os clubes encontrassem um caminho de prosperidade mais linear, com planejamentos mais longos. Mas isso é assunto para próxima coluna. O texto aqui é para falar o que vi na decisão. O Ceará conseguiu o título na raça e merece os parabéns. No primeiro jogo, no Castelão, fez 2×1, e, no segundo, jogou para segurar o Sport. Tomou 1×0 e seguiu com a mesma proposta de jogar pelo erro do Leão. Levou para os pênaltis e foi mais competente. Título na mão na casa do adversário.
Gostei do que vi dentro de campo. O Sport mostrou o seu futebol ofensivo, de compactação no meio de campo, variação de jogada pelas laterais e Vagner Love, uma referência no ataque que se movimenta bastante, como se o tempo não existisse. Com a obrigação de vencer, o Leão pressionou e criou inúmeras chances para destruir a vantagem cearense. Mas fez apenas um gol, com Luciano Juba, que não vinha fazendo uma boa partida, mas mostrou bom senso de colocação na área e oportunismo para aproveitar falha de Danilo Barcelos e mandar para as redes.
O gol incendiou a Ilha do Retiro. A torcida empurrou o Sport para o ataque. E aí ficou evidente a força do Ceará. O time visitante não se abalou. É verdade que o setor ofensivo não existiu. O Vozão ficou muito fechado na defesa e tinha dificuldades para sair para o jogo. Durante todo o primeiro tempo quase não finalizou. Algo que só aconteceu no segundo tempo, quando o Sport não estava mais com o mesmo fôlego do começo da partida. O Leão perdeu peças importantes no decorrer da partida, como o volante Ronaldo e o zagueiro Rafael Thyere. Jorginho, que perdeu um gol claro, não esteve bem. Quem entrou não fez o Sport jogar melhor. Decisão nos pênaltis. O Ceará mostrava estar mais inteiro fisicamente. E mentalmente também. Danilo Barcelos perdeu o primeiro pênalti. Renan defendeu. Mas o VAR mandou voltar e ele converteu a segunda cobrança. Desconcentrado, Juba perdeu para o Sport. Outro que perde foi Gabriel Santos. Pelo Ceará só quem perdeu foi Castilho. A última cobrança coube a Erick.
Bom, na bela festa, há pontos que é preciso destacar no que se refere ao extracampo. Primeiro, é tentativa do Ceará em levar a partida para a Arena de Pernambuco. Isso foi tentado desde quando as duas equipes iriam fazer a decisão. Quando tudo parecia tranquilo, torcedor se arrumando para ir à Ilha do Retiro, palco da partida, eis que um áudio do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, é compartilhado nas redes, no qual ele acusa o Sport de vender ingressos mais do que a capacidade permitida do estádio. Rápido como Os Vingadores, a diretoria do Ceará aciona a Justiça, pedindo a mudança do palco da partida, acontecendo na Arena de Pernambuco. Pense numa confusão entre os torcedores. É tudo muito estranho. No entanto, uma coisa é certa: a Ilha estava superlotada. A aglomeração nas cadeiras foi algo absurdo. Cenas que se via nos anos 80, quando não havia controle algum da capacidade do estádio. É preciso rever tudo isso. Como é preciso ouvir os presidentes da FPF, Evandro Carvalho, e o Sport, Yuri Romão sobre tudo o que aconteceu na final.
Texto também publicado no portal Futebol e Palpites