Foi lá pelas bandas dos anos 90, que, no auge da rivalidade sadia entre os clubes pernambucanos, um dirigente do Santa Cruz, para promover o clássico contra o Náutico, chamou o estádio dos Aflitos de “Casa da Barbie”. “É pequenininha, braquinha e rosinha. Parece a casa da Barbie”, disse.
Foi numa entrevista a uma emissora de rádio. Os alvirrubros se sentiram ofendidos e, por isso, os torcedores rivais que queriam provocá-los, diminuí-los, chamava-os de Barbie. Uma conotação machista, homofóbica, que naquela época era comum.
Sempre achei que o Náutico deveria assumir o tal perfil torcedor da Barbie. Qual mal há nisso? Jà teria quebrado as pernas dos rivais. Mas os tempos eram outros. O universo estava fechado para que o futebol fosse algo para homens. Exclusivamente masculino. Portanto, Barbie era uma ofensa.
Pois bem, a atual diretoria do Náutico acertou em cheio ao assumir o apelido. Através das redes sociais, postou um vídeo com o título “Somos da Barbie e de muito mais gente”. Um golaço. Afinal, não há cabimento para exclusão. Futebol é de todos. Uma ponte para os povos, cultura, raças, nação.
Num momento em que as mulheres estão ganhando mais espaços no esporte, o futebol não pode dar mais brechas para preconceitos. A campanha do Náutico não é só uma simples campanha. É uma atitude, um afirmação. Mudança de visão importantíssima. Uma quebra na mente das pessoas que teimam em viver no mar do preconceito.
Futebol é de todos! O Náutico é de todos!