Bela Azoubel: é a mente e o coração que comandam o projeto Amor à camisa
Por Bela Azoubel
Se tem algo que me deixa extremamente feliz é ir ao estádio de futebol e fotografar. Não, não vou registrar os lances dos jogos. Mas o sentimento de cada um dos torcedores que estão nas arquibancadas. E pense na felicidade que senti ao ver no perfil do projeto Amor à camisa e ver que quatro mil pessoas nos seguem. É o mesmo sentimento de gritar um gol decisivo de uma grande final.
O Amor à camisa é um projeto realizado por mim, fotógrafa, responsável pelas imagens postadas no instagram, em parceria com o jornalista Marcelo Cavalcante, autor dos textos. A ideia é fruto de uma paixão por esse esporte. Isso foi que deu vida a essa ideia que está prestes a comemorar uma década de existência.
Desde criança fui levada aos jogos do meu time pelo meu Pai de quem herdei essa paixão tão grande. Joguei futebol e sempre amei incondicionalmente o esporte.O futebol é parte da minha vida como mulher, torcedora, fotógrafa, mãe e apaixonada. Diante de tudo que pude vivenciar em função disso, os inúmeros jogos que fui como torcedora e que fui e vou como fotógrafa, percebo como a adesão feminina aos campos ganhou força.
Comecei a fotografar em jogos em 2010. Na época, era praticamente a única mulher. Hoje, geralmente, tenho a companhia de mais duas fotógrafas. De algumas mulheres nas arquibancadas, para movimentos femininos fortes, atuantes e consolidados dentro dos clubes. De um número maior de juízas e bandeirinhas. Quanta mudança! Quanta evolução! Mas… será mesmo?
De costas para o jogo, de frente para a torcida… meu coração está sempre lá. Eu leio o jogo pelas reações dos torcedores. Ansiosos na cobrança de pênalti (sim, euforia inclusive maior do que o próprio gol), tristes no pênalti perdido, felizes quando convertido. E a bola na rede, hein?! Ah, o gol… um momento mágico, incrível. De maior compartilhamento de emoções. Tem de tudo nas arquibancadas. Carinhas desoladas, inconformadas. Lágrimas, choros compulsivos. Rostos incrédulos, revoltados… Enfim, o sentimento que emana é algo indescritível.
O objetivo do projeto é transmitir os jogos, contar histórias, pela visão do torcedor. São quase 10 anos de Amor à Camisa. Um orgulho danado de tudo que fizemos. E eu sei que tem muito mais a fazer. Vida longa ao AAC. Viva a espontaneidade do futebol e da vida. Afinal, como diria Clarice Lispector: “O que me importa são os instantâneos fotográficos das sensações, e não a pose imóvel dos que esperam que eu diga:” Olha o passarinho!””.