Foto: Ricardo Fernandes/@spiaphoto
O sumiço já foi uma atitude, no mínimo, equivocada. Depois, a notícia de que havia colocado o Sport na Justiça. E tudo isso em silêncio. Para mim, Magrão já estava, naquele momento, deixando de lado toda a história construída na Ilha do Retiro. Nos embates judiciais que já aconteceram, o clube vai quitar uma dívida, que segundo conversei com os dirigentes do clube, as parcelas a serem pagas terá um valor menor do que as que vinham sendo pagas. Aí, Magrão resolveu se pronunciar em um vídeo publicado nas redes sociais. Um vídeo medíocre. Produzido sem uma alma de ídolo que foi. De uma frieza de causar espanto. Sendo assim, Magrão, estavas certo: se era para ser assim…era melhor ficar calado.
Achei que, como todo profissional que estava se sentindo lesado, Magrão teria direito de acionar o clube na Justiça. Mas a relação de Magrão no Sport era completamente diferente. Quando aportou na Ilha do Retiro, era um desconhecido. Soube suportar a pressão e, em 14 anos de clube, se transformou em ídolo. Uma identificação enorme com a torcida. Virou símbolo de uma geração. Ao ponto de torcedores se organizarem para fazer uma estátua em sua homenagem e um filme sobre sua história (em fase de conclusão).
Por tudo isso e muito mais, Magrão deveria ter cuidado ao decidir encerrar seu ciclo no Sport. Antes de acionar a Justiça, poderia (e deveria) se pronunciar para o torcedor de forma carinhosa e atenciosa, explicando porque fez tal escolha. Mas se lixou para isso. Optou pelo silêncio e acionou a Justiça. Tudo premeditado. E no vídeo que ele lançou na rede, ontem, apenas se despediu e anunciou sua decisão. Escolheu o pior final que nenhum torcedor poderia imaginar.
Conversando com um dos dirigentes do Leão, soube que o clube estava pagando em dia o acordo feito no início do ano. O Sport fez uma composição com a dívida antiga e o salário a ser recebido pelo atleta. Eram mais ou menos 35 parcelas no valor de R$ 70 mil. Segundo informações, o presidente Milton Bivar chegou a adiantar algumas parcelas. Mas algo o deixava insatisfeito. Não se sabe o quê. Até porque, ele não falou publicamente. Agiu friamente. Com a vitória nos tribunais, Magrão vai receber 44 parcelas de R$ 42,6 mil. Teve dirigente comemorando esse acerto, já que o valor da parcela é bem menor do que foi acordado antes.
O diretor de futebol do Sport, Fred Domingos, foi muito feliz ao declarar: “Magrão saiu arrombando pela porta dos fundos”. E acertou também ao dizer que o goleiro poderia ser o que desejasse dentro da Ilha do Retiro. Qualquer cargo estaria à sua disposição. Até mesmo, se planejasse e se preparasse (claro!), presidente. Faria história dentro e fora do campo. Seria homenageado eternamente.
Mas, visando apenas o dinheiro de agora, optou por um outro caminho. Um caminho igual a tantos jogadores que passaram pelo clube e não significaram nada para o clube e torcida. Talvez tenha sido até pior, já que esses atletas, geralmente, só tomam essas medidas quando são dispensados. Magrão saiu de cena quando ainda tinha contrato em vigor. Esqueceu que, se hoje é um grande goleiro do Brasil, muito se deve ao Sport. Sem ter a menor ideia da sua dimensão e importância junto à torcida e o clube, se julgou maior do que a Ilha do Retiro. Errou o cálculo e protagonizou um episódio lamentável.