Por Rodrigo Ojuara*
É comum ouvirmos no Recife que o confronto entre Santa Cruz e Náutico não tem um clima de rivalidade tão grande quanto os outros clássicos. Dizem as línguas históricas que esse clima “amistoso” começou na década de 1930, quando o Náutico emprestava os Aflitos para o Santa Cruz mandar seus jogos, mas também podemos explicar pelo número de confrontos entre as equipes ser bem menor em relação aos outros clássicos.
Porém não é bem assim, afinal o Clássico das Emoções não ganhou esse nome à toa e por mais contraditório que possa parecer essa rivalidade também começou a ser construída nos anos 30.
O ano era 1934 e o Náutico finalmente conquistava seu primeiro título, vencendo os tricolores na final e evitando assim que o Santa Cruz se tornasse o primeiro tetra campeão estadual. Foi nesse ano inclusive que os alvirrubros acolheram o Timbu como mascote e após o título criaram o primeiro bloco carnavalesco futebolístico, o famoso Timbu Coroado.
O clima começou a esquentar mesmo no Estadual de 1946 quando os alvirrubros se negaram a jogar a finalíssima por não aceitarem a escolha do árbitro Leon Markman para conduzir o confronto. Resultado? O Santa Cruz foi aclamado campeão por W.O.
O fogo se espalhou de vez no final dos anos 60 e início da década de 1970. O Náutico conquistava seu imbatível Hexa e caminhava para um inacreditável heptacampeonato. Mas tudo foi interrompido pelos tricolores que, de quebra, ameaçaram a conquista alvirrubra com um pentacampeonato e assim, o Pernambucano de 1974 se tornou uma final de Copa do Mundo para Santa Cruz e Náutico. Com dois gols de Lima (herói improvável), tanto nos Aflitos quanto no Arruda o Náutico evitava o hexa tricolor e nascia ali a máxima: “Hexa é Luxo!”.
Poderíamos ficar horas aqui falando sobre o quão emocionante é esse clássico. Lembraríamos de 1983, de 1993, de 2001 e por aí a fora… O fato é que o Clássico das Emoções não é um jogo comum e sempre vai mexer com os torcedores. Hoje não será diferente, os dois com o mesmo objetivo: vencer.
Rodrigo Ojuara é pesquisador do futebol