Náutico e Santa Cruz fazem, na noite desta quarta-feira, jogos decisivos pela Copa do Nordeste. Cada um entra em ação em seu respectivo estádio. Nos Aflitos, o Timbu encara o Ferroviário, às 21h30, precisando de uma simples vitória para avançar de fase. No mesmo horário, no Arruda, o Tricolor pega o poderoso Fortaleza, precisando vencer a todo custo e ainda ficar de olho nos outros jogos. Tem que torcer para que ABC, Sergipe e Náutico percam seus jogos, ou ABC perca e Sergipe e Náutico empatem seus confrontos. Vai ter emoção, hein?
Se pelo lado da competição em si traz emoção pela disputa, causa preocupação para quem organiza os jogos. Afinal de contas, as duas partidas serão realizadas na capital pernambucana e no mesmo horário. E o Governo do Estado já chegou a querer mudar uma partida para outra praça, imagina como estão preocupados em relação a noite desta quarta-feira. Jogos envolvendo três grandes torcidas (incluo a do Fortaleza, que certamente virá ao Recife), todas chegando e saindo na mesma hora do palco da partida.
A situação poderia ser evitada se, na elaboração da tabela, a partida do Náutico ou do Santa Cruz fosse realizada em Fortaleza. Mas vejam que a percepção dos que fazem o futebol não acompanhou a progressão da forma de como gerir as ações do esporte, sob o aspecto de quem vai assistir. Seja para o lado negativo quanto para o positivo. A balança está na minha lembrança do ano de 2005, quando vivemos uma situação semelhante, e num momento ainda mais decisivo: a última rodada da Série B.
No dia 26 de novembro daquele ano, o Santa Cruz encarou a Portuguesa, no Arruda, enquanto o Náutico enfrentou o Grêmio, nos Aflitos. Era a última rodada do quadrangular decisivo da Série B e todos tinham chances de subir à Série A do Campeonato Brasileiro. Mais adrenalina impossível. Jogos na mesma hora. Evidente que a preocupação com a segurança dos torcedores existia. No entanto, o que mais se falava era que Recife virou palco da decisão da Segundona. Lembro do Esporte Espetacular exibiu uma matéria valorizando o futebol do Estado naquele momento.
A situação da rodada desta noite causa preocupação nas instituições responsáveis pela segurança do torcedor. Mas há também o medo, infelizmente. Tudo porque a forma de consumir o futebol e a relação entre os torcedores mudaram bastante. As que já foram chamadas de torcidas organizadas viraram gangues, lamentavelmente. O mal não foi cortado pela raiz. O trabalho de reeducação e conscientização das pessoas não foi feito. Cadastramento dos torcedores só ficou na promessa. Punições brandas aos vândalos. Proibições absurdas sequer amortizaram o problema. Tudo foi conduzido com a barriga. O cuidado com a educação do público ficou a ver navio.
Um dia, quem sabe, mudamos a percepção.