Estou custando a acreditar que a CBF decidiu esperar Carlo Ancelotti até 2024 e acertar o contrato para que ele assuma o comando da seleção brasileira. Eu não vejo problema algum em ver um técnico estrangeiro à frente da canarinha. Acho que pode ser a sacudida que o mercado está precisando para rever o trabalho dos profissionais brasileiros. Mas esperar até 2024…. Aí já é demais. Para mim, uma vergonha para os dirigentes brasileiros que batem no peito para se orgulhar do fato de ser o País do futebol, único pentacampeão mundial passar por essa situação.
Não há dúvidas que Ancelotti é um grande profissional e um excelente para o comando da seleção brasileira. Mas vejam o quando o nosso futebol está retrogrado para tratar desse assunto. Quando surgiu o seu nome na mídia em que poderia ser anunciado como treinador, passou a falar, nos quatro cantos do mundo, que ficaria no Real Madri, que ama o clube espanhol e etc…Já achei uma situação chata, como se o Brasil esteve pedindo pelo amor de deus para que ele pegasse o avião e já viesse para o País. E a notícia dessa espera até 2024 confirma nossa condição de miséria.
A postura da CBF é fruto do nosso ufanismo. É bonito que o povo brasileiro sinta orgulho do nosso futebol. Durante a história, ele saiu da esfera esportiva, invadiu a cultura e se transformou num estandarte da história de uma nação. É uma das pontes sólidas que aproxima o país de outros povos. Com seus protagonistas conquistando coração de muita gente, como Pelé, Garrincha, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho… O problema é que o ufanismo cega. Estamos num marasmo há anos. Vivendo mais de oba-oba do que de momentos decisivos, de conquistas marcantes.
E isso atinge aos treinadores. Por mais que eu tenha críticas ao seu trabalho, por mais que o desempenho na seleção brasileira nas Copas do Mundo em que disputou tenha sido abaixo do esperado, Tite foi o único treinador que trabalhou mentalmente para ser técnico da seleção. Os que estamos vendo por aí, são treinadores que vivem altos e baixos nos seus clubes esperando uma oportunidade. Que sabe-se lá se vai acontecer. E se acontecer, será que está preparado? Técnico de seleção não é só convocar e escalar a equipe. É praticamente presidir um País. Quem vai encarar?
Artigo publicado no site Futebol e Palpites