Foto: tribuna.com
Por Daniel Schvartz
Como alguns devem saber, a revista norte americana, Time Magazine, sugere anualmente as 100 pessoas mais influentes do mundo. A edição, intitulada Time 100, começou a ser rodada, neste modelo, em 2004. Vale salientar que, a lista divulgada abrange uma centena de nomes que foram capazes de mudar o mundo de alguma forma, não sendo necessariamente para o bem.
Dito isso, gostaria de chamar a atenção para um dos escolhidos em 2019: Mohamed Salah. O jogador egípcio é tão reconhecido no seu país (Egito) que chega a ser comparado com os Faraós (reis com status de deuses da antiguidade). Tudo bem, o atacante do Liverpool-ING ajudou a sua seleção a voltar para uma Copa do Mundo depois de 28 anos. Mas, isso seria motivo para tanta honraria?
Durante a sua entrevista para a revista, Salah tocou em um assunto polêmico dentro da cultura Muçulmana. A questão da igualdade de gêneros. Mais especificamente, entre homens e mulheres. Sim, isso ainda é um tabu em alguns países.
“Penso que precisamos mudar o jeito como tratamos as mulheres. Eu apoio mais as mulheres agora do que antes, porque sinto que elas merecem mais do que o oferecido a elas hoje. Isso não é opcional”, afirmou Salah.
No Egito, mais de 27 milhões de mulheres já sofreram mutilação genital e 99,3% já foram assediadas sexualmente. Além disso, 37% são analfabetas, de acordo com dados levantados pela Thomson-Reuters, em 2016. O país “ganhou” o título de Pior País Árabe para Mulheres. Vocês entendem o peso que a fala de Salah pode causar?
Sabemos das dificuldades de mudar uma cultura e, principalmente, tradições religiosas. É algo enraizado. Mas não quer dizer que é o correto. O mundo se transforma a cada instante. Evolui. A religião não precisa mudar, mas alguns costumes precisam ser esquecidos rapidamente. Não se pode aceitar uma falta de liberdade tão esdrúxula. Uma violência sem razão. Salah entendeu o tamanho da sua representatividade. Tomara que os egípcios possam dar ouvidos ao novo Faraó.