Por Daniel Schvartz
Para os que ainda não conhecem o termo, Outbound nada mais é do que o marketing tradicional. A ideia é atingir o público, independente do interesse dele pela marca ou do número de conversões que a ação irá trazer. São as propagandas comuns, que vemos geralmente nas rádios, na TV e outdoors.
Porém, se prestarmos atenção, virou uma prática comum também no futebol. Mas, qual o meio utilizado para tais divulgações? Acertou quem disse os uniformes. Em 2002, a camisa do Brasiliense chamou a atenção de todos, já que o escudo brincava de ‘esconde-esconde’ na camisa, em meio a tantos patrocínios. Até agora, esse tipo de negócio atingia, principalmente, equipes de menor porte, que precisa de recursos para cobrir as despesas de toda a temporada.

Com o passar dos anos, alguns grandes clubes do futebol nacional precisaram aderir a esse modelo. Por conta da crise econômica que assola o país e por serem donos de dívidas exorbitantes, grandes empresas deixaram de investir no futebol (o famoso patrocinador master) e a necessidade de captar mais receitas atingiu o bem mais respeitado pelo torcedor de um clube: o manto sagrado.
Existe certo ou errado?
Sem delongas, a resposta para essa pergunta é não. Se grande parte da torcida fica chateada com a quantidade de patrocínios, ela também precisa admitir que eles são importantes para a saúde financeira da instituição.
Vou exemplificar a ideia. O Botafogo, como todos sabem, sofre demais com problemas de orçamento. Em 2017, ele fechou um acordo com Felipe Neto, que passaria a ser o primeiro youtuber a patrocinar um time de futebol no Brasil. Até hoje ele está presente na camisa alvinegra, mas alterou a marca da Neto’s (rede de lojas de coxinha) para Vigia do Preço (empresa de tecnologia).
De uns tempos pra cá, Felipe Neto mudou o conteúdo dos seus vídeos para atingir o público infantil. Quando assinou com o Botafogo, isso também se refletiu para o clube. De acordo com o departamento de marketing, as vendas dos kits infantis aumentaram 500%. Além disso, o canal do time no Youtube dobrou o número de assinantes e até a ajuda na contratação de reforços foi feita por Felipe Neto.

No Corinthians, o acordo é mais formal. Sem grandes surpresas. 10 empresas estão pagando para ganhar o direito de estampar a marca. Porém, somando todas elas, o clube conseguiu garantir mais R$60 milhões aos cofres. Depois de todo o imbróglio por conta da Arena Corinthians e com as contas apertadas, o dinheiro é bem visto dentro do clube, mesmo desagradando a Fiel, que criticou em peso nas redes sociais.
Tudo bem que no caso do Timão ocorre certo exagero, já que são 17 logotipos em toda a camisa (algumas empresas colocam mais de uma vez) e, de acordo com especialistas de marketing esportivo, o público só consegue se lembrar, em média, de duas marcas.
Resumindo, os clubes não têm muitas opções. Mesmo sendo uma consequência do acúmulo de erros administrativos deixados pelo caminho, os dirigentes precisam se virar e tornar o clube vitorioso doa a quem doer. É isso que a torcida exige de verdade.