Acabo de ler a matéria publicada no Globo Esporte.com, assinada pelo companheiro Elton de Castro, sobre a situação crítica do Sport. É de cair o queixo. Um dia desses, o Leão era uma referência de clube. Sem dívidas e fazendo parte da Série A, era o primo rico dos clubes do Nordeste. Agora, está realmente com o pires na mão. Disputando a Série B como se fosse o último copo de água do deserto. São os fatos que se repetem. A gangorra que machuca o torcedor pernambucano, mas que ele não sente a dor por amar demais a agremiação. E nem falo apenas do clube rubro-negro. Náutico e Santa Cruz não sabem o que é desafogo há anos. E assim segue o futebol pernambucano.
Durante a gravação do podcast Futzap na manhã desta sexta-feira, falei para os companheiros Carlos Lopes e Daniel Schvartz, que o mal do futebol do Estado é a falta de auto-crítica. Acreditamos que ainda estamos nos tempos áureos do futebol do Estado, em que disputávamos de igual para igual com os grandes clubes do País. Uma realidade que ficou no passado, que não existe mais e que não nos adequamos nos tempos de hoje. A diferença que há das cotas de patrocínio e de TV dos clubes do grande-eixo para os demais impede qualquer surpresa na conquista do título do Brasileirão. Então, o que precisa ser feito: enxergar nossas limitações e trabalhar com elas.
Lembro de quando Ricardinho esteve no comando do Santa Cruz. Conquistou o título estadual, mas não demorou muito à frente do time coral. Foi demitido. E um dos motivos para a sua saída foi a sua insistência em querer o melhor para o clube. Queria melhorias para o Tricolor, como um centro de treinamento para comandar os seus trabalhos e poupar o gramado do Arruda. O clube não tinha condições, ou melhor, não havia planejamento para um avanço do Santa Cruz nesse sentido.
Fazendo um paralelo, o que Ricardinho pedia foi justamente o que Rogério Ceni está tendo para treinar e revolucionar o Fortaleza. O técnico do Tricolor do Picí recebeu carta branca para criar uma nova realidade no clube. Não apenas em termos de estrutura, mas também de uma nova visão em fazer futebol. Os dirigentes do time cearense estão vivendo uma experiência única. Uma reviravolta na forma de enxergar o futebol. Quando Rogério Ceni sair, os dirigentes terão a responsabilidade de comandar essa evolução.
Falando do futebol da terrinha…. não é só política que faz tudo andar em círculos. O ego sempre fala mais alto. As conquistas são personalizadas. Os setores dos estádios também. A formação de grupos políticos impedem, muitas vezes, que grandes colaboradores passem na calçada em frente a sede social do clube. Não estou pregando a existência de união 100% de um clube. Acho que não haverá uma evolução no caso da unidade de pensamentos. O que prejudica é o radicalismo. É não reconhecer a importância de quem implantou uma filosofia ou deixar de lado as rusgas pessoais para fazer com o que o foco seja só o clube.
O que está acontecendo com o Sport não é algo inédito no futebol pernambucano. O Santa Cruz viveu (e acho que ainda vive) essa penúria financeira. O Náutico, idem. Mas o que impressiona na Ilha do Retiro é rapidez da mudança de um cenário. De exemplo de gestão para um fiasco financeiro de envergonhar os torcedores, dirigentes, conselheiros… E não é hora de buscar culpados. É juntar os cacos e encontrar saídas, parceiros. Quando o trem voltar pro trilho, visualiza um objetivo, traça metas, ,estipula prazos e faz o que tem que ser feito. Isso é planejar. Basta de blá, blá, blá.