Por Aníbal dos Santos Neto
Em tempos de paz, (onde esse ano por curiosidade é lembrado os 80
anos do início da II guerra mundial) o que se viu em Recife no final de junho,
onde normalmente o nordestino celebra o São João, foi uma bomba, que caiu
na cidade, precisamente na Av. Sport Club do Recife. Aquilo que até então era
pacífico, a chamada “ Bodas de Marfim”, tornou-se indigesto. E a pergunta que
a maioria das pessoas, torcedores ou não do Sport, foi: Porque? Porque você
fez isso Alessandro?
Lembro quando você chegou, sem muito alarde, ou balburdia, em um
ano que foi tenebroso, onde nos quase fomos bater no fundo do poço. Você já
não era nenhum menino, longe disso, já tinha uma história, porem nem você
poderia imaginar Alessandro, que aqui seria o time de sua vida. E naquele
2005, onde tudo deu errado, você chegou. O Sport parou de jogar em
setembro, e mesmo assim você ficou. Veio 2006, talvez o um ano lembrado por
muitos torcedores, e na principal competição naquele ano, contra um
adversário de série A você naquilo que seria sua especialidade… não estavas
lá, o “camisa 1” foi outro, e por ironia, aquele que tinha sido o salvador da
pátria, falhou… e você Alessandro, assumiu, você lembra disso? Porém,
porque você fez isso Alessandro?
O tempo passa, em 2007 você fica marcado, pois é entrou para a
história devido a um certo baixinho que, aos trancos e barrancos, fez 1000
gols, tudo bem, e do jogo é da vida. Pois em 2008 algo mágico estaria por
acontecer, talvez o maior título de minha geração (sou de 1986), e como você
jogou aquela copa do Brasil, me fez suar frio naquela disputa de pênaltis contra
o Vasco, e na final contra o Corinthians, você beirou a perfeição. E o que falar
de 2009, Santiago, Colo-Colo, ate então nunca tinha perdido para um clube
Brasileiro, e naquela Noite talvez Alessandro, tenha sido a sua maior defesa.
Contudo, Porque? Porque você fez isso Alessandro?
Os anos passam, e com eles vem sua especialidade: Pegar pênaltis, e
foram tantos Alessandro, lembro de um dos primeiros, contra o São Paulo, na
Ilha, às 15h, onde você defende do lado da barra do placar, um pênalti de
Rogério Ceni, goleiro campeão do Mundo, o resultado do jogo foi chato, SPFC
ganhou de 2X1, porém era inevitável que: de cinco cobranças, você pegava
pelo menos 2, era apenas, acertar. Houve também momentos de aflição, como
em 2015, quando subitamente você se machucou, e agora? O que será de
nós? De forma surpreendente, você foi substituído com maestria, numa
temporada mágica que sem dúvidas, Danilo Fernandes merecia a seleção
Brasileira, foi tão duro te ver no banco, porém o momento dele era fantástico.
Porém, como a ave mitológica Fênix, você renasce, e aquele canto que
geralmente era ecoado na ilha do retiro antes dos jogos, voltou… “ É o maior
goleiro do Brasil…” mas, porque Alessandro? Porque você fez isso?
Os anos passam, chegamos em 2018, e lá em Curitiba, você chora, e
nós também, o maior de todos, sente, as lagrimas caem não apenas no sul,
mas em todo um país, e mais precisamente numa cidade que te ama, e agora?
Como vai ser sem ele? O que seremos nós? O que faremos?
Eis que em meio ao caos, surge uma esperança, um menino, tal como você, calado e sucinto, porém demonstra predicados, até pênalti o menino pegou… pois é, todavia, a
boa fase dele não foi suficiente… caímos, mas não seria a primeira vez, pois
com você, tínhamos jogado algumas edições da Série B, sabíamos então que o
gol, não seria um problema. Porém, a idade chega, e com ela vem as falhas, foi
duro te ver errar, foi duro te ver falhar, entretanto Alessandro, mais duro ainda
era lhe ver no banco…. Ali, o maior da história, aquele que será eterno, que
meus filhos que ainda não tenho, vão saber de você. Mas, porque Alessandro?
Porque você fez isso???
Em um ano ímpar, que curiosamente para alguns, demora a passar,
mais uma parada, devido a uma Copa América. Benéfica para uns clubes, e
maléfica para outros. De qualquer forma, esperávamos você, para quem sabe
ao voltar a série A você pudesse ter esse privilegio em teu vasto currículo, de
mais um acesso com o clube de sua vida, e quem sabe em dezembro um jogo
de despedida? Celebrando as bodas de marfim, onde quer que fosse, estaria
lotado, e a dicotomia entre a alegria e tristeza de te ver pela última vez, talvez num domingo, à tarde, como costumeiramente o fora, com quem sabe aquele
dia de dezembro sendo o dia que você seria eternizado por sua
estátua.
Entendo que o clube falhou com você, e quem não erra não é mesmo?
Você que tem tanta fé, é bíblico, “O obreiro é digno do seu salário” , você está
em seu direito Alessandro, mas porque o som do silêncio? Em uma época de
redes sociais, de lives, likes, e compartilhamentos, queríamos apenas uma
resposta, uma palavra, uma nota, que fosse por escrito, ou que fosse online,
mas o som do teu silêncio Alessandro, doeu, e ainda dói, e apenas você pode
curar, e mudar isso.
Todo esse texto, foi baseado numa pergunta, e após pouco mais de 800
palavras, deixe-me repeti-la pela última vez: Porque você fez isso Alessandro? Porque você fez isso com Magrão???