Com a braçadeira de capitão, Daniel Alves foi “o cara” que o Brasil precisava para ser campeão da Copa América/Foto: Ricardo Fernandes/Spia Photo
Sem Neymar, com um jogador a menos (Gabriel de Jesus foi expulso no segundo tempo), o Brasil venceu o Peru, por 3×1, cumpriu seu dever de casa com louvor e foi campeão da Copa América. Cebolinha, Gabriel de Jesus e Richarlison fizeram os gols brasileiros, enquanto Guerreiro, cobrando pênalti, fez para os peruanos. O jogo foi bom? Sinceramente, achei uma lástima. O desempenho técnico da seleção agradou na competição? A mim, não. Mas o que importava era o título. O Brasil precisava ganhar depois de tantas quedas. E ganhou! Bom para motivar o grupo. Para Tite afastar um pouco a pressão. Mas não pode se iludir: precisamos de uma evolução.
Vamos ao jogo decisivo: o Brasil encontrou dificuldades nos primeiros minutos de partida. A seleção peruana estava bem postava defensivamente e ligada no jogo. Bem diferente do primeiro duelo. Só que Gabriel acordou para Jesus! O atacante fez um boa jogada pela direita e cruzou para a área. No segundo pau estava o mais novo queridinho da torcida: Everton Cebolinha pegou de primeira e abriu o placar aos 15 minutos.
A partir dali, o Brasil ganhou moral e passou a encontrar mais espaços. Gabriel de Jesus se movimentou bem. Artur, que teve uma atuação destacada, apareceu bem como opção ofensiva. Daniel Alves novamente fez o time jogar pelo lado direito. Com o bom volume de jogo, o Brasil não fazia os peruanos jogarem. Estava até comentado em casa: “A seleção do Peru só vai incomodar o Brasil numa bola parada.”
Nem demorou muito para o árbitro marcar pênalti de Tiago Silva. Lance que cabe interpretação. Já vi muitos árbitros marcarem a penalidade e já vi outros não marcando. Bom, Guerreiro não quis conversa e converteu o pênalti. Aos 40 minuutos, o placar estava aigual: 1×1. Na boa, o empate daria um molho de emoção ao jogo. Mas na primeira investida brasileira, Artur passou para Gabriel de Jesus que deslocou o goleiro e deixou o Brasil na vantagem, aos 46.
O segundo tempo foi horrível. Que jogo chato. O Brasil jogando para administrar a vantagem. E o Peru tentando a saída para o jogo, mas sem conseguir a troca de passe. Mas o Brasil resolveu recuar para tentar o contra-ataque. Os peruanos ocuparam os espaços. Aliás, os adversários ganharam ainda mais espaços quando Gabriel de Jesus foi expulso. Sinceramente, o árbitro foi rigoroso demais. Para mim, falta normal. Mas também não precisava Jesus fazer gestos de que estava havendo roubo no jogo. Perdeu a cabeça e saiu chorando. Calma, meu bom rapaz!
Pois acreditem, o Brasil ficou acuado. Levou pressão dos peruanos. Uma pressão que não ofendia tanto, pois os adversários pouco finalizaram. Eu não entendi o recuo do Brasil. Perder Gabriel não era um motivo. A seleção tava bem distribuída em campo. Mas acabou que a tática deu certo. Numa jogada individual de Cebolinha caiu na área. E mais um pênalti marcado. Para mim, lance normal. O árbitro consultou o VAR e mesmo assim manteve. Pense num troço chato esse VAR. Richarlison e ampliou para o Brasil. Garantiu o título e fez a torcida, que até aquele momento estava em silêncio, voltar a sorrir.
Título que volta a dar moral a Tite. Mas o treinador precisa fazer uma renovação. Urgente!! Claro que o compreendo o técnico ter mantido a base do Mundial de 2018. Ele corria riscos no cargo caso não tivesse um resultado vitorioso. Apostou, então, numa base que já vinha trabalhando com ele. Mas o Brasil precisa de um novo direcionamento. A seleção tem em Neymar seu único grande talento. Os demais são praticamente iguais. É preciso fazer desabrochar mais valores.
Acho que não estamos com uma boa safra. Isso porque o Brasil se apega muito aos resultados. Se venceu, ótimo. Se perdeu, tá uma porcaria e apenas muda de comando técnico que já tudo certo. Tite assumiu a seleção brasileira porque, realmente, estava preparado para tal cargo. Agora, com um título no seu currículo, ele ganha moral para fazer novas observações, testar novas caras. Tem tempo para isso. Não pode se acomodar no título da Copa América. O Brasil pode e deve render mais!