Violência no cenário do futebol há muito tempo deixo de ser algo exclusivamente dentro do gramado. Nas arquibancadas, o medo está solto. O que afastou muita família do esporte. Lamentável. Aterrorizante é saber que a baderna tomou as ruas. E pior: não precisa ser dia de jogo para ter o quebra-quebra e briga entre torcedores.
Vejam o que acontecem na tarde da segunda-feira, dia 3 de fevereiro. Aniversário do Santa Cruz. A torcida coral se encontrou no Pátio do Santa Cruz, onde o clube nasceu, para conversar, relembrar grandes jogos e até jogar uma peladinha. De repente, um grupo de baderneiros da organizada do Sport entra em cena espalhar violência.
O que era celebração, virou guerra. As cenas registradas pelos celulares de quem estava no local não merecem nem divulgação. Algo de meter medo em qualquer cidadão que mora no bairro ou que esteja apenas circulando por lá, saindo do trabalho, indo para casa ou simplesmente saindo de algum estabelecimento comercial.
Como se não bastasse, o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evando de Carvalho, tratou de incendiar mais ainda o cenário. No dia seguinte a toda essa confusão no bairro da Boa Vista, o dirigente lamentou o fato da Polícia Militar ter atirado para o alto, pois, para ele, deveria haver um extermínio.
Ouvir sua declaração causa mal-estar. Sério mesmo. É inacreditável que o dirigente que comanda a entidade máxima do futebol pernambucano, que deveria estar propondo algum tipo de ação que colabore com a paz, seja a favor do extermínio, da morte de pessoas. Onde é que vamos parar com isso?
Ao ouvir quem comandar afirmar categoricamente que a solução para a violência no futebol é o extermínio, a bomba atômica foi acionada. Infelizmente. E como é que Evandro de Carvalho vai, a partir de agora, convocar o torcedor para ir aos jogos do Campeonato Pernambucano se, na sua ótica, a violência se acaba com extermínio, ou seja, com mais violência, com morte?
O torcedor de sã consciência, depois dessa, deveria desistir de ir ao estádio. Torcer em casa mesmo. Mais confortável, mais seguro, perto da família, como direito a comentário e replay. E se o jogo tiver VAR, será replay até umas horas. Sem falar de poder pegar a cerveja na geladeira na hora que bem entender.
Quanto ao futebol pernambucano…. está pobre. Com a mentalidade que está sendo gerido, não vai para lugar algum. Eu escrevo esse texto, ainda sem acreditar no que ouvi. Eu ainda não ouvi uma ação inteligente para a violência seja controlada para que, aos poucos, ela seja reduzida a quase zero. E pelo o que ouvimos na entrevista de Evandro, isso tá longe, muito longe de acontecer.