Logo depois da goleada sofrida para o Confiança, por 4×0, na Série B do ano passado, o técnico Hélio dos Anjos concedeu uma entrevista com teor polêmica. Falou das falhas da equipe que resultaram na goleada e, principalmente, de problemas de bastidores do clube, que segundo o treinador, tiraram o foco da equipe. Com essa declaração, Hélio externou uma crise entre presidência e comissão técnica que até hoje reverbera de forma ainda mais forte.
Em 2020, Hélio dos Anjos pediu demissão e a diretoria se sentiu aliviada. Mas teve que engolir seu retorno após uma má jornada de Marcelo Chamusca, seu sucessor à frente da equipe alvirrubra. Para que isso acontecesse, foi preciso o elenco pedir o seu retorno e um grupo de alvirrubros entrar em ação. Ao final da temporada, eleição. Diógenes Braga foi eleito. E, confesso, esperava mudança na comissão técnica, especialmente depois de Hélio dos Anjos ter feito elogios a Bruno Becker (candidato de oposição a Braga), durante o processo de seu retorno. Mas como Braga iria fazer isso se deve ao treinador, se tem multa rescisória no caso de uma demissão?
Hélio dos Anjos seguiu no clube. No entanto, os Aflitos virou uma bomba relógio. Em pouco mais de um ano, os jogadores do Náutico se tornaram alvo de agressão de um grupo de torcedores (?). E isso no próprio local de trabalho, o estádio dos Aflitos. Nenhuma atitude rigorosa da diretoria para acabar com a situação. Na noite da quarta-feira, após a derrota para Retrô, em plenos Aflitos, a torcida foi para cima de novo. Mas dessa vez, os jogadores contra-atacaram. E o local parecia campo de guerra.
Um absurdo. Uma vergonha.
E diante disso tudo, o técnico Hélio dos Anjos esperou um posicionamento oficial da diretoria. Não foi cobrar, reclamar… Não, não. Esperou uma ação dos comandantes do clube. E ela veio através de uma nota oficial: “Apesar de a área onde a ocorrência de ontem aconteceu ser uma área comum do estádio (área de passagem), o clube irá isolar o local e reforçar a segurança, de forma que não prejudique a passagem da torcida e nem os atletas”. E só.
Paralelo a isso, o assistente técnico e filho de Hélio, Guilherme dos Anjos, postou um texto nas redes sociais e não aliviou para a diretoria. “É inadmissível o que ocorreu ontem, e todos sabemos que poderia ser evitado, pois não foi a primeira vez”, disparou em um trecho da postagem. Resultado disso: a diretoria anunciou a demissão de Guilherme por justa causa.
E agora? Claro que a medida da diretoria foi para Hélio dos Anjos pedir demissão. Algo que não aconteceu, pelo menos até agora. Enquanto, o atual presidente Diógenes Braga não se pronuncia, o ex-presidente Edno Melo mandou o recado: “Só deve ficar no Náutico os que compreenderem sua grandeza. Com respeito, sempre ele, ao verdadeiro torcedor timbu, a nação mais fiel do Nordeste”.
Que clima ruim e absurdo vive o Náutico. E olhem que a temporada está só começando. Pior que problemas na saída de treinadores não é de hoje no Timbu. Ou vocês esqueceram a bronca que foi a demissão de Gilmar Dal Pozzo, como também a de Gilson Kleina?
Esperamos as cenas do próximo capítulo.