Foto: Bela Azoubel/Amor à camisa
Podem me chamar de velho, mas eu sou do tempo quem clássico do futebol estava bem além dos 22 caras que entravam em campo para lutar pela bola. A disputa começava bem antes, no início da semana, com os torcedores já tirando onda um com o outro, e dirigentes fazendo aquela boa provocação para motivar o seu torcedor a lotar o estádio. A entrada dos times campos….coisa mágica que não existe mais. Papel picado, os dois lados das torcidas lotados de pessoas apaixonadas, exercendo o direito de incentivar o seu clube. Sim, sou velho… E tenho saudade disso tudo.
A saudade aumenta quando vejo que a torcida tricolor está impedida de entrar nos Aflitos para incentivar o Santa Cruz no clássico contra o Náutico, pela semifinal do Campeonato Pernambucano. Um absurdo nos tempos de hoje encarar a proibição da torcida visitante no estádio como solução para interromper a violência no futebol. Isso é penalizar o torcedor que quer ir ao estádio em paz. É fugir da responsabilidade de fazer o papel: garantir a segurança de quem gosta de ver o futebol.
O Santa Cruz está tentando de todas as forma pela liberação do torcedor para entrar no estádio. Enviou uma carta para a Federação Pernambucana de Futebol, solicitando a liberação. E ouviu do presidente da entidade, Evandro Carvalho, que vai ser impossível atender porque a Polícia Militar já disse ser impossível garantir a segurança da população tendo duas torcidas em campo.
Ora, ora… Até outro dia, o que era impossível para a PM garantir a segurança era a realização de dois jogos na mesma cidade. Agora, pelo visto, a situação piorou: num jogo apenas no Recife, não pode ter duas torcidas. Onde é que nós estamos? Desse jeito, a magia do esporte acaba. O que estamos vendo é uma barbárie de quem faz o futebol com o próprio futebol. Por todos os motivos citados acima.
E mais… É importante dizer que, pelo menos na atual temporada, nenhuma confusão séria foi registrada dentro do estádio. O que se vê é confusão fora, tanto no processo de ida ao palco da partida, quanto na volta. As brigas das organizadas, aliás, são arquitetadas durante a semana, pelas redes sociais. Sinceramente, não se coíbe a violência do futebol porque ninguém enxerga como prioridade. É como se as confusões, o vandalismo, as agressões, as mortes fizessem cenário do futebol. O fato acontece, as pessoas lamentam, tomam providência para aquele momento, falam frase fortes para causar impacto e chamar a atenção e… pronto.
Lamento por tudo isso que estamos vivendo. E é uma pena que teremos um Clássico das Emoções sem o lado tricolor.