Foto: Tiago Caldas/Assessoria do Náutico
E depois de 20 anos, o Náutico conseguiu o bicampeonato estadual na tarde deste sábado, 30 de abril, justamente no aniversário do seu último grande ídolo: Kuki. Na transmissão da TV, dava para ver o emotivo baixinho chorando mais até que os jogadores em meio à festa. Uma imagem que reflete um pouco o sofrimento que foi a temporada até agora para o Náutico até chegar ao título. O placar de 1×0 para o Náutico sobre o Retrô foi pouco diante da supremacia alvirrubra no jogo. A conquista vieram nos pênaltis: 4×2.
Pode-se dizer que o Retrô seria o merecedor da conquista pela campanha que fez. Um clube novo, sem a pressão da crônica esportiva e a cobrança da torcida, bem estruturado, fez um desempenho sem desespero, conquistando seus objetivos. Algo que não aconteceu no Náutico, que só sofreu turbulências.
Só para se ter uma ideia, o técnico Roberto Fernandes, que hoje comemorou mais um título pelo clube, chegou às vésperas do primeiro jogo contra o Retrô. A questão é que o campeonato tem um formato em que essa campanha pouco significa quando a bola rola. E o Náutico cresceu na decisão.
Momento decisivo do Estadual se misturou aos primeiros jogos da Série B. Com jogo em cima de jogo, Roberto Fernandes trabalhou o motivacional. Surtiu efeito contra o Operário. O time foi outro e venceu bem. Contra o CRB, time reserva mostrou poder de recuperação. O treinador viu a vontade, determinação e garra para mudar o cenário. Como as circunstâncias valem muito no Pernambucano. O Timbu entrou em campo alma de campeão, enquanto o Retrô sentiu o peso.
A partida final, na Arena de Pernambuco, foi quase um repeteco do primeiro duelo, nos Aflitos. No entanto, alguns fatos mudaram a história da partida. Foram o molho especial da grande decisão.
Precisando vencer, o Náutico foi ao ataque desde o início da partida, enquanto o Retrô apostou na tática “regulamento embaixo do braço”. Como o empate favorecia, a Fênix se fechou. Abdicou do jogo. Era só a zaga dando raquetadas e, em alguns casos, o goleiro Jean mostrando mais uma vez qualidade.
Aconteceu a expulsão do meia Jean Carlos ainda no primeiro tempo. Um cartão vermelho justo e inexplicável a atitude do meia ao não aceitar a decisão da árbitra Débora Cecília. O Timbu perdeu seu principal articulador de jogadas. E o que o Retrô fez? Nada. Seguiu fechado. Percebendo a postura do adversário, o Timbu seguiu atacando, com mais mobilidade dos homens da frente, já que tiveram que se desdobrar pela ausência de Jean Carlos.
De tanto martelar, o Náutico conseguiu o gol no final do primeiro tempo. Mas foi preciso utilizar o VAR para a arbitragem conferir o lance em Pedro Vitor. Pênalti. O próprio Pedro Vitor cobrou com maestria de um veterano e abriu o placar.
O segundo tempo foi melhor porque o Retrô, enfim, resolveu acordar. Alguém deve ter avisado ao elenco e comissão técnica da Fênix que, para ser campeão, precisaria jogar. Mesmo com um jogador a mais, tinha que jogar. Mesmo não tendo jogado no primeiro duelo e ganho, teria que jogar na Arena. Até porque o Náutico queria o título, estava com sangue dos olhos.
Com o jogo mais aberto, vimos, além do goleiro Jean, Lucas Perri também virando herói. O camisa 1 do Timbu fez duas grandes defesas praticamente milagrosas. Mas o Náutico não sentiu a pressão. Buscou jogar, especialmente pelas laterais, já que Jean Carlos não estava mais em campo. O jogo ficou bom e encerrou no 1×0.
E lá vieram os pênaltis de novo, como aconteceram nas finais de 2019, 2020 e 2021. E assim como no ano passado, o Náutico levou a melhor. Júnior Tavares cobrou a última penalidade, garantindo a taça para os Aflitos.