Retrô e Náutico pisam no gramado da Arena de Pernambuco, na tarde deste sábado, para decidir com quem fica o título de campeão estadual 2022. Eu confesso não lembrar quando foi um equipe levantou uma taça em plena tarde de sábado. O dia foi definido por imposição da Rede Globo, que tem o direito de transmissão do Campeonato. E não dá para esperar mais, né? Num Estado em que a Polícia Militar queria barrar a entrada de torcedor com rádio de pilha, o dia e a hora são os menores dos problemas.
O inusitado está também nos dois finalistas. O Retrô, como um garoto cheio de gás com a bola nos pés, chegou na final de forma bastante merecida. Não foi obra do acaso, não foi sorte. Foi com a bola nos pés que a Fênix ganhou de todos os grandes da capital. Teve até goleada sobre o Santa Cruz, por 4×0, em pleno Arruda. Na fase classificatória, sobrou. Melhor ataque e melhor defesa. No primeiro jogo da final, contra o Timbu, nos Aflitos, vitória por 1×0, e agora, tem a vantagem de jogar pelo empate.
O Náutico chegou na final se arrastando. Não ganhou um clássico e nem mostrou um futebol convincente para ganhar a confiança da sua torcida. O que se ouviu foram mais críticas do que elogios ao time, que começou a temporada sob o comando de Hélio dos Anjos, demitido após atrito com a diretoria, passou nas mãos do apagado Felipe Conceição, e está na briga pelo bicampeonato com Roberto Fernandes. As trocas, certamente, mostram desequilíbrios e poderiam assustar. Mas a chegada de Roberto já resultou em novo comportamento da equipe, que venceu bem Operário e CRB, pela Série B.
Sim, ok… tudo certo! Mas e aí, quem é o favorito nessa decisão? Na balança da final, o Retrô tem a vantagem, obviamente, do empate. E a confiança de uma equipe que surpreendeu com um bom futebol. Mas o Náutico iguala a situação pela força da tradição. Nesse Pernambucano, o Timbu perdeu duas vezes para o adversário. Será que vai perder a terceira? Aposto que Roberto Fernandes usou esse elemento para motivar o grupo. E acertou ao poupar o time titular na partida contra o CRB, no meio de semana. Timbu inteiro e com uma fome danada para superar a Fênix.
Na resposta direta, não há favorito. Apontar alguém à provável conquista do título é chute, do chute, do chute. Porque futebol tem o seu quê de jogo de xadrez. Ninguém sabe, até a bola rolar, como vão se comportar as duas equipes. Se o Retrô jogar pensando em atuar com o regulamento debaixo do braço, segurando o empate, corre riscos até de levar os dois gols que Náutico precisa para levantar o título sem precisar dos pênaltis. E 2×0 é um resultado bem plausível.
E por essa necessidade, sabe-se apenas que o Náutico será ofensivo. Assim, se o Retrô conseguir mostrar o futebol apresentado durante a competição, com organização e inteligência, poderá sair até vitorioso de campo. Pois a Fênix foi compacta, eficiente e letal. Mas como estará o emocional dos jogadores para essa decisão? Até porque, final é diferente de tudo que já se viveu até aqui. A pergunta também cabe para o Náutico. Mas sabe-se que o Timbu conta com mais atletas cascudos, experientes.
Enfim, são muitos elementos para serem levados em conta. E tudo muda de acordo com a percepção dos atletas. Essas variações, previsões, enigmas, as tomadas de decisões fazem do futebol um esporte mágico.
Ainda bem que o torcedor vai usar o radinho de pilha no estádio e segurar a emoção.