Foto: Bela Azoubel/ Amor à camisa
Depois da vitória heroica do Santa Cruz sobre o CSE, de virada, por 2×1, no estádio do Arruda, pela Série D, o lateral Ratinho concedeu uma entrevista ao repórter da Rádio Jornal, Antônio Gabriel, na qual ele se entendeu bastante, falou sobre diversos assuntos, mas soltou a seguinte frase: jogamos sempre com a necessidade de abrir o placar. Foi algo mais ou menos assim. E ele está certo, certíssimo. Além da limitação técnica, o Tricolor tem que superar suas fraquezas e o medo de estacionar numa famigerada Série D. E vai se assim em todos os jogos.
Na tarde deste domingo, o Santa Cruz começou o desorganizado, sem inspiração e aquela falta de confiança do time que está em inicio de um novo trabalho do treinador (apesar de Marcelo Martelotte ser aquele técnico já conhecido no clube) e sob a pressão de vencer. E viu o adversário abrir o placar, com uma cabeçada de Hugo. O Santa Cruz encontrou dificuldades de sair para o jogo. E assim foi a primeira etapa. Em desvantagem no placar e a tensão pelo agravamento de uma crise.
Na volta do time para o segundo tempo, o técnico Martelotte fez logo duas mudanças. Numa delas, Ratinho entrou no lugar de Elyeser e a história começou a mudar. O Santa Cruz cresceu pela lateral-direita, dando sustentação defensiva e força no apoio ao ataque. Mas quem teve a melhor chance foi o CSE. Hugo recebeu a bola livre, avançou e… Apagão no Arruda. O atacante finalizou e o goleiro Jéferson defendeu. O lance tirou a concentração de Hugo. Prejudicou o CSE. Até porque foi um divisor de água.
Depois do lance absurdo, o Santa Cruz mudou de postura. A partida ficou bem mais movimentada e equilibrada. Poderia ter saído gol para qualquer lado. O que deu ao torcedor coral a confiança de que o resultado viria era que, ao menos, o Santa Cruz estava mais solto em campo. Pelo menos levava perigo ao adversário, tinha saída de jogo. Mas a vitória mesmo só nos minutos finais. Daquelas em a adrenalina extrapola até nos olhos.
Aos 49 minutos, cruzamento de Ratinho e Alemão, estreando com a camisa do Santa Cruz nesta Série D, mandou de cabeça para o fundo das redes. Festa no Arruda. Energia para os jogadores do Tricolor para buscar a virada. O tempo permitia. E assim o Santa Cruz fez. Já aos 52 minutos, Rafael Furtado, também de cabeça, também aproveitando cabeçada de Ratinho. Que vitória, que vitória!
O Santa Cruz não vai jogar futebol bonito nessa Série D. Não tem elenco para isso. Mas tem que a obrigação de vencer. É inadmissível não figurar no G4 do seu grupo. Mas se organizar seu esquema de jogo, as vitórias podem sair mais naturalmente. Mas precisa espantar o peso emocional dessa cobrança. Essa vitória diante do CSE, apesar da tensão, do apagão quando estava prestes a tomar um segundo gol, e do futebol irregular, valeu demais. Que uma nova história seja contada no Arruda.