Após a goleada sofrida para o Cruzeiro, por 4×0, no estádio Independência, o meia do Náutico, Jean Carlos, foi surpreendido pelo repórter do SporTV com uma sagaz pergunta: “O time é o lanterna do campeonato, na estreia do quinto treinador da temporada perde por 4×0. Por que o técnico do Náutico deve acreditar que esse time vai escapar do rebaixamento”. Jean Carlos se enrolou todo. Porque não tem o que responder. Para não dizer o que não deve, caiu no velho clichê do “enquanto há vida, há esperança”.
Na mesma hora em que via Jean Carlos tentando arrumar palavras para responder, fiquei imaginando Dado Cavalcanti negociando seu retorno para o Náutico logo após a demissão de Elano. O que o faz aceitar comandar uma situação quase irreversível? Apenas o desafio de livrar o Náutico do rebaixamento? Diria também. Mas tem o fato de Dado ser um jovem profissional. Apesar de já rodado, é um aprendizado. Afinal de contas, o homem tem que trabalhar, pagar as contas, estar no mercado. E vai que o milagre acontece. Será? Será? Será? Se sua resposta for sim, certamente você defenderia a ideia de colocar um busto de Dado na sede dos Aflitos. Ou canonizá-lo como santo. Porque, sinceramente, poucos acreditam.
Afinal, amigos, pelo futebol que o Náutico apresenta, a queda à Série C é questão de tempo. Contra o Cruzeiro, por mais que estivesse bem evidente a diferença técnica entre as duas equipes, não se vê mais ânimo na equipe para superar seus medos, mazelas, deficiências e adversários. O Timbu virou presa fácil. O Cruzeiro não fez muito esforço para construir o 4×0.
Dado Cavalcanti foi um expectador de luxo do futebol pobre do Náutico. Não tinha o que fazer. O pouco tempo para treinar e enfrentando logo o líder da Série B na estreia, o seu trabalho foi mais uma tentativa de motivar o grupo. O elenco tem poucas opções de apresentar sinais de reação. Durante o jogo, as mudanças que o técnico faz é o mesmo que placebo. Efeito zero.
Fazer gols na defesa alvirrubra é uma moleza. Basta alçar a bola na área. Chuveirinho, então, os zagueiros batem cabeça que é uma beleza. O primeiro e o terceiro gols foram de uma facilidade incrível. O terceiro, de pênalti, após conferência no VAR, para mim foi erro da arbitragem. Mas tem o que reclamar? O Náutico estava entregue no campo. E já dá sinais de que não tem forças para reação na Série B.
O Timbu está na lanterna, com 21 pontos, cinco a menos do que o CSA, primeiro clube fora da zona de degola, adversário da próxima rodada que é treinado pelo seu ex-comandante Roberto Fernandes.