Tudo que acontece na vida tem o seu lado positivo e negativo. É assim também no futebol. É óbvio, lugar comum, clichê… Mas nem sempre colada em prática. O que complica na esfera pernambucana é que o negativo, ao que parece, não traz lições. Ou acham que é fato isolado e não se corrige da melhor forma. Quando se faz uma crítica, o sentimento que se tem é que os dirigentes ficam desconfiados, acreditando numa perseguição.
Enquanto a bola rolou, Sport e Vasco fizeram, no último domingo, um bom duelo. Equilibrado, bem disputado, com o Leão jogando um pouco melhor na segunda etapa. Mereceu abrir o placar. No entanto, viu o adversário empatar. Coisas do futebol. Porém, a partida terminou em confusão e o que se fala, até agora, não é mais sobre a partida, mas sobre as cenas lamentáveis de violência. Mas não vamos julgar agora as atitudes dos protagonistas da partida. O fato é que, diante do ocorrido, o estádio mostrou sua fragilidade quanto à segurança. Porque o palco de uma partida deve estar preparado para qualquer circunstância. E a facilidade que a torcida abriu o portão que fica do lado da arquibancada da sede foi algo absurdo. É preciso corrigir e consertar.
É importante lembrar que o presidente do Sport, Yuri Romão, queria a realização da partida contra o Vasco na Arena de Pernambuco. O estádio teria condições de receber mais torcedores, com mais conforto e segurança. No entanto, atendendo os pedidos da torcida, a partida foi mantida na Ilha do Retiro. O Leão vinha no embalo dos últimos bons jogos e não perdeu jogando em seus domínios.
Mas para isso, além de aumentar o ingresso, a diretoria cuidou da segurança: acabou com aquela recepção calorosa feita pela torcida ao time na frente do estádio, o samba na sede, assim como outras ações que trariam o torcedor para dentro do clube. Tudo para evitar a confusão. Isso tudo foi feito porque na partida anterior, contra o Cruzeiro, houve episódio de violência entre torcedores do próprio clube. Em tempo: seriam mesmo torcedores?
Ou seja, medidas foram tomadas para que não acontecesse confusão dentro da sede ou nos arredores do estádio. Só que, dessa vez, aconteceu dentro de campo. A bronca é… o que teremos daqui para frente, em geral, é tratado como uma atmosfera do paliativo. Passa-se essa fase, nada é feito para uma continuidade, uma evolução. É como se tudo fosse um fato isolado e nada mais possa no futuro acontecer.
Voltando à partida Sport x Vasco, agora, com julgamento: Raniel errou ao ir comemorar o gol diante da rubro-negra e provocar. Tanto que foi expulso pelo árbitro Rafael Claus. Mas, repito: nada, nada justifica a atitude da torcida do Sport de arrombar o portão e agredir os profissionais mais próximos, inclusive uma mulher que estava no chão.
Não é porque Raniel provocou que os torcedores ganham esse direito. Aliás, não acho que são verdadeiros torcedores. São vândalos que querem mostrar sua virilidade. Tanto que não chegam a invadir o gramado: arrombam o portão, assustam as pessoas mais próximas daquela área e fica naquilo mesmo. Do outro lado é que começa uma confusão entre os jogadores, dirigentes e um e outro mais exaltado torcedor que chegam a ser contidos pelos atletas do Sport. Mas fica uma briga generalizada e não havia a menor condições da partida recomeçar. Já pensou se há mais um lance polêmico e o árbitro precisasse usar o VAR novamente? Como seria?
Ouvindo a entrevista do vice-presidente de futebol do Sport, Augusto Carreras, ao portal Globo Esporte.com, concordo totalmente quando diz que não é fácil realizar um evento com multidão, especialmente quando se mexe com a emoção. Agora, ele luta para que o clube não seja duramente penalizado. Está no direito. Até porque outras confusões aconteceram no campeonato e o STJD não fez o rigor que está fazendo agora, pedindo a interdição da Ilha do Retiro e também do Castelão, que foi palco de agressões.
Mas o que escrevo aqui é que a diretoria do Sport, assim com os dos outros clubes, não foquem o caso como único, como se o tempo acabasse aqui. Os estádios pernambucanos precisam acompanhar a evolução da história, a mudança do comportamento das pessoas e que cobrem das autoridades um plano de ação para se coibir a violência. Até agora, só vimos os clubes, confederação e tribunal se pronunciar sobre o caso desportivamente, no que diz respeito a pontuação, suspensão e interdição do estádio. Mas quando será que a punição aos vândalos será discutida?