Em junho de 2022, convidei meu amigo jornalista Fernando Rêgo Barros para uma série de lives no Instagram sobre Copa do Mundo. Participaram conosco amigos e personalidades nacionais, entre elas o jornalista José Trajano. A conversa foi divertida, rica de informações. Fluiu que foi uma beleza. Durante a resenha, Trajano nos surpreendeu ao responder a pergunta sobre como ele via aos jogos da seleção brasileira. “Eu só vejo jogos do Brasil na Copa do Mundo”.
A resposta foi surpreendente porque ouvi de uma dos mais respeitado jornalista esportivo do país e que admiro bastante. Mas me tirou um peso imenso das costas. Afinal, há bastante tempo também não tenho interesse. Mas como atuo na crônica esportiva, me via obrigado a assistir. Trajano foi minha alforria.
O curioso é que, nesse ciclo que se inicia na seleção brasileira, eu voltei a ter interesse em ver jogos da seleção brasileira. Só para comprovar algo que já venho dizendo há algum tempo: que geração ruim! É sério. E olhem que não vou ficar resgatando o passado para fazer paralelos atemporais. Não precisa! A geração de hoje é mais fruto do oba oba da mídia, das ações empresariais, dos acordos da CBF do que de jogadores talentosos e com “caixa” para vestir a camisa da seleção brasileira. Sinceramente, faz pena ver o futebol brasileiro assim.
Essa postagem teria o intuito de focar a derrota do Brasil para a Colômbia, por 2×1, de virada. O futebol pobre da seleção brasileira faz história: primeira vez que a Canarinha perde duas partidas consecutivas pela Eliminatórias. A primeira derrota para os colombianos na competição. Mas a derrota é minúscula diante da zorra que está o trabalho de montagem da seleção brasileira. Uma vergonha. Daquelas que não nos dá uma perspectiva de bons ventos nem tão cedo.
A começar pela escolha do técnico para comandar a seleção. Sinceramente, anunciar Carlo Ancelotti é uma palhaçada. E esperar que o treinador encerre seu contrato com o Real Madrid, em 2024, é o circo completo. A CBF, inicialmente, anunciou Ramon Menezes como técnico interino, um profissional que nunca apresentou bagagem para tal cargo. Fica parecendo um arrumado para agradar alguém.
Agora, Fernando Diniz. Esse faz um bom trabalho no Fluminense. Nos últimos anos, foi o único clube em que ele se deu bem. E já está na Canarinha, como o salvador do futebol brasileiro. Diniz tem conteúdo, é inteligente… Mas tem muito chão para correr e se tornar um treinador de ponta. Não vou colocar a cruz nas costas do treinador, o responsabilizando pelo insucesso da seleção brasileira. Até porque, o buraco é bem mais embaixo.
A CBF é uma entidade que só pensa em lucro e que vive do fato da seleção brasileira ser a única pentacampeã mundial. Troca de comando técnico da equipe como se fosse a solução para os problemas do futebol brasileira. É a mesma linha de raciocínio dos clubes, onde o treinadores são a salvação da lavoura. Como se o futebol de uma seleção mudasse da água para o vinho, da noite para o dia.
A geração de atletas não ajuda. Não estou aqui afirmando que o Brasil não tem talentos. O que estamos carentes é de atletas que tenham caixa emocional para vestir a camisa amarela. A maioria são jogadores de clube, que ganham visibilidade ao atuarem na Europa. De uma forma geral, não têm DNA do futebol nacional, não têm identificação com o torcedor brasileiro. Jogam, perdem e voltam para casa. Como se nada tivesse acontecido.
A estrela da geração, Neymar, sucumbiu às farras e ao estrelismo que subiu à cabeça graças à sua personalidade egocêntrica e vaidosa. Sempre foi paparicado e, por isso, sempre quis fazer o que bem entendesse. Hoje, é bem mais fácil encontrar torcedores o criticando. Afinal, está notório que ele não é o mesmo de antes. Portanto, também está fácil, para mim, dizer que nunca o vi como ídolo, muito menos representante do futebol brasileiro. Um mala arrogante, que sempre se colocou acima da seleção brasileira.
O futebol brasileiro precisa de muitos ajustes, acertos de contas e nova visão para que a seleção consiga brilhar novamente nos Mundiais da vida.