Há quem diga que o campeonato estadual não vale de nada. Não foi o que eu vi antes, durante e depois das partidas entre Sport e Náutico que decidiram o Pernambucano. Desvalorizar qualquer competição no primeiro semestre é balela. Se entrou em campo, é para vencer, ser campeão. Essa atmosfera vencedora injeta força e confiança para o restante da temporada. O que não é pode é tirar os pés do chão. Assim como perder não pode implicar fim de mundo. O importante é ter bom senso na avaliação. Saber seus limites e conhecer bem o mercado para errar o menos possível na contratação dos reforços.
Para começar esse texto, vamos falar do elenco campeão. A diretoria do Sport acertou mais do que errou. Mas enfrentou dificuldades para dar padrão a equipe. Porque errou a mão na contratação do técnico para montagem do elenco. Com todo respeito a Milton Cruz, mas não tava no foco de ser treinador de uma equipe que tem uma torcida exigente e que quer título. No entanto, acertou na vinda de Guto Ferreira. O Sport embalou. Mas acredito que nas finais ficaram expostas as deficiências. O ponto forte do time rubro-negro é o conjunto. Não tem estrelas e isso é muito bom. Vejo o elenco solidário em campo e respeitando o comandante. Mas precisa de opções para o decorrer dos jogos. O time geralmente cai de rendimento quando Guto faz alterações. O treinador tá com moral e conhece o mercado.
Santa Cruz e Náutico também entram na Série C como favoritos ao acesso. A bronca é que há uma obrigação nessas duas equipes para atingir o sucesso. Não dá para ficar mais um ano na Terceirona. Representaria uma crise enorme. O Náutico terminou o Estadual, com certeza, mais fortalecido. A sequência de 18 jogos sem perder foi algo incrível. E o poder de recuperação do Timbu na final contra o Sport mostrou a força do grupo e o bom comando de Márcio Goiano. Precisa de reforços? Urgente. Não tem quem arme no meio de campo. Danilo Pires oscila e Jorge Henrique ainda não disse para que voltou ao Náutico. Wallace Pernambucano está sobrecarregado no papel de conduzir o time ao ataque e ainda finalizar.
O Santa Cruz foi a equipe que chamou minha atenção logo nos primeiros jogos. Vi Leston Júnior armando o time de maneira equilibrada e mostrando um futebol consciente, pés no chão. Sabendo de suas limitações. Mas precisa, como o Náutico, de um jogador de criação no meio de campo. Nos jogos importantes, o Santa Cruz penou. Acredito que está chegando no momento decisivo da Copa do Nordeste no seu limite. A diretoria do Tricolor minimiza as oscilações e as decepções da temporada até aqui afirmando que o grande objetivo do clube é sair da Série C. O que aumenta muito a responsabilidade do elenco. Afinal, a torcida viveu poucos momentos de glória até então. Agora, vai querer de todo jeito gargalhar no final do ano.