A partida do Náutico contra o São Bernardo, pela Série C do Campeonato Brasileira, foi bastante emblemática para futebol pernambucano. O Timbu precisava vencer para se classificar à próxima fase da competição. A torcida, por sua vez, fez uma festa gigante, digna de time que estava com a mão na taça. Mas a equipe alvirrubra fracassou. Empatou a partida na base do Deus nos acuda e foi eliminada. Pois bem, o sentindo emblemático da desclassificação está justamente na atmosfera da partida. Fora de campo, as torcidas mostram sua paixão. Dentro de campo, equipes desorganizadas e que mostram o quanto futebol pernambucano está pobre, enfraquecido.
A balança está desequilibrada. E faz tempo. De um lado, torcedores cada vez mais apaixonados. Do outro, clubes destroçados. Sim, destroçados. Olhando para o interior do Estado, nenhum mostra o mínimo de organização. Jogam de favor em campos alheios. Não tem sequência de trabalho, dependem de apoio político que, na maioria dos casos, existe por interesse pessoal. Tudo é feito por favor, por um motivo específico ou para dar alguma desculpa. Fico aqui lembrando do Porto e Central, que já escreveram belas campanhas, está perdidos. O Desportiva Vitória, que no início dos anos 90, nem campo tem mais. E o Salgueiro não é mais o mesmo.
Mas voltamos ao que interessa… O ano pífio de 2023…
Apenas o Sport segue na temporada, lutando por uma vaga na Série A no próximo ano. E priu! Náutico, Santa Cruz e o novato Retrô estão de férias. Uma temporada lastimável que não se resume a um jogo decisivo. As eliminações precoces das equipes, especialmente os dois grandes da capital, são frutos de desorganização mesmo, falta de critérios de contratações de jogadores, treinadores … E o pior que, se for conversar com os dirigentes, vão dizer que são erros pontuais, mas que o trabalho foi feito. Não, não foi. O Náutico, por exemplo, trocou de treinador como quem troca de roupa. O Santa Cruz… Lembrem ai quando foi que o clube teve uma eleição para presidente tranquila. Quando foi que não teve ataques pessoais nessas disputas? O clube em segundo plano. A vida pessoal dos dirigentes em primeira plano.
Acreditar e divulgar que o futebol pernambucano ainda tem mesma força no cenário nacional como outrora é mentir para si mesmo. É não querer o bem do torcedor do estado, que segue indo para os estádios, comprando camisas, tomando sua cerveja, se esbaldando em alegria quando o time vence, derramando lágrimas quando perde. Acha que estamos bem no cenário nacional é impedir progresso. É achar que o torcedor é tolo, pois o Santa Cruz, por exemplo, não tem jogos a disputar a partir de maio de 2024. Se isso é bom, o que poderemos imaginar que vai acontecer quando os dirigentes realmente pararem e afirmarem: “poxa, precisamos sair da crise”.
Imagino ser o caos completo. Sem uma luz no fim do túnel.
E, infelizmente, estamos caminhando para isso.