Por Daniel Schvartz
É bem provável que Capiba, ao escrever o frevo Madeira que Cupim Não Rói (um dos mais tradicionais no carnaval de Pernambuco), não iria imaginar que o seu refrão poderia ser utilizado, um dia, para descrever lances de uma partida de futebol. Vou explicar melhor.
Na última década, as finais do Campeonato Pernambucano sempre tiveram um fator extra. Apenas o ano de 2015 foi poupado dos erros e polêmicas com a arbitragem, seja ela de fora ou do estado. Os dois últimos jogos entre Sport e Náutico não ficaram para trás. Por isso, o blog resolveu relembrar todas elas, tomando partida no ano de 2010 e já contando com a final encerrada no último domingo (21), na Ilha do Retiro. Vamos lá?
2010 – Náutico 3 x 2 Sport
Antes de 2019, esse havia sido o último confronto entre Sport e Náutico, nos Aflitos, em finais de estadual. No primeiro confronto, o Náutico começou avassalador e abriu 3×0 em cima do rival. Porém, o segundo gol, anotado por Bruno Meneghel, não poderia ter sido validado. O atacante estava um pouco à frente, em um lance difícil de ser marcado por qualquer assistente.
No jogo da volta o Sport venceu por 1×0 e foi campeão, fazendo com que o erro não fosse determinante para o resultado final.
2011 – Sport 0 x 2 Santa Cruz
Uma das polêmicas mais lembradas pela torcida do Sport, o erro do árbitro, Cláudio Mercante, foi determinante para a partida. Isso porque o lance aconteceu antes do primeiro minuto de jogo, quando Thiago Mathias, zagueiro tricolor, escorregou e derrubou Bruno Mineiro, que sairia sem marcação na cara do goleiro Tiago Cardoso. Na ocasião, o juiz deu apenas o amarelo.
Em um lance seguinte, Thiago voltou a fazer uma falta passível de cartão amarelo. No caso, o segundo. Claudio Mercante, no entanto, resolveu não punir o defensor, que foi substituído logo depois. Ambos os lances aconteceram quando o jogo ainda estava empatado.
2012 – Sport 2 x 3 Santa Cruz
Mais uma vez, o Clássico das Multidões foi também o palco de uma nova polêmica. Desta vez, a arbitragem deixou de assinalar um impedimento no primeiro gol do Santa Cruz, marcado por Branquinho. Com a vitória, o Tricolor garantiu mais um título na casa do rival.
2013 – Sport 0 x 2 Santa Cruz
Desta vez, as polêmicas que cercaram as finais de 2013 não foram determinantes para o resultado. No primeiro jogo, quando venceu por 1×0, o Santa também desperdiçou um pênalti em um lance discutível. O goleiro Magrão defendeu.
Mas, na partida decisiva, na Ilha do Retiro, o erro poderia ter sido fatal para os campeões. O Santa abriu o placar com Caça Rato, que levou amarelo ao tirar a camisa na comemoração. Ainda no primeiro tempo, o atacante dominou a bola com o braço e recebeu o segundo, deixando o time com um a menos por quase todo o jogo. A questão é que o lance não seria para cartão, mesmo sendo uma mão intencional, já que o jogador não interferiu em um lance determinante, como uma chance de gol.
2014 – Sport 2 x 0 Náutico
Após vencer a Copa do Nordeste, o Sport voltou a campo para tentar erguer a taça de Campeão Pernambucano. No primeiro confronto, na Ilha do Retiro, o Leão chegou a abrir 2×0, gols de Patric e Neto Baiano.
Já no fim do jogo, o atacante Marcelinho marcou para o Náutico. Porém, o assistente assinalou o impedimento de maneira precipitada, influenciando negativamente no resultado da partida.
2016 – Santa Cruz 1 x 0 Sport
Neste ano, o Santa montou um bom time, que deu os frutos desejados dentro de campo. Campeão da Copa do Nordeste, o elenco Coral teria mais uma final contra o Sport.
E foi logo no primeiro jogo que a polêmica apareceu. No gol anotado por Grafite, o centroavante estava adiantado. O impedimento não foi marcado pelo assistente. O Santa Cruz foi campeão empatando sem gols, no jogo da volta, na Ilha do Retiro.
2017 – Sport 1 x 1 Salgueiro
Voltando à final após 2 anos, o Salgueiro não queria perder mais uma oportunidade de conquistar a taça para o interior. Fez um jogo aguerrido em uma Ilha do Retiro lotada. Viu o Sport abrir o marcador. Mas, no último lance do jogo, teve um pênalti marcado a seu favor.
Com a ajuda da tecnologia (o VAR foi usado pela primeira e única vez nesta edição do campeonato), o árbitro José Woshington precisou de sete minutos para confirmar a marcação que, para muitos, continuou sendo discutível.
2017 – Salgueiro 0 x 1 Sport
Na decisão, mais uma polêmica e mais demora com o manuseio do VAR. Desta vez, mais de cinco minutos para confirmar se o escanteio cobrado pelo Salgueiro e que resultou no gol do Carcará havia saído. A decisão de campo foi mantida e o gol anulado. Para muitos, também de maneira equivocada.
No fim do jogo, o castigo. Em um chute de longe de Everton Felipe, a bola desvia e encobre o goleiro Mondragon. Sport campeão e muita reclamação por parte do Salgueiro.
2018 – Náutico 2 x 1 Central
Com uma seca de 14 anos sem título, o Náutico segurou um empate sem gols em Caruaru e foi jogar a decisão em casa, com mais de 40 mil torcedores presentes na Arena Pernambuco. Apresentando um bom futebol naquele ano, o Central dificultou a vida dos Alvirrubros, criando algumas oportunidades perigosas. Inclusive, chegou a abrir o placar, mas o gol foi mal anulado pela arbitragem, em mais uma polêmica envolvendo o nosso estadual.
2019 – Náutico 0 x 1 Sport
Na volta aos Aflitos em uma decisão de campeonato, o Sport foi mais eficiente e venceu por 1×0, levando a vantagem para a Ilha do Retiro. Tudo isso poderia ser normal, mas do que seria a final do Pernambucano sem uma polêmica?
No momento do gol Rubro-Negro, o lateral Sander estava um pouco adiantado quando recebeu a bola, chutou e, no rebote, Ezequiel marcou. Assim como na final de 2010, foi um lance muito difícil, que não pode ser apontado como um erro, mas que foi determinante no resultado da partida.
2019 – Sport 1 x 2 Náutico
Se o torcedor achou que a interferência da arbitragem ia se limitar ao primeiro jogo, se enganou direitinho. As polêmicas vieram em dobro na decisão. Começando pelo pênalti convertido pelo Sport no tempo normal. Para alguns, simulação. Para mim, malandragem aliada à falta de experiência do goleiro Bruno. Guilherme, sem dúvidas, cava a penalidade. Mas, o goleiro também deixa a mão, permitindo ao atacante o contato.
Já no lance do primeiro gol do Timbu, a roubada de bola feita por Diego Silva com um carrinho poderia ter sido marcada a falta. O jogador entrou de maneira perigosa e chega a atingir o joelho de Charles com o pé direito, independente se o outro pé toca na bola. Na sequência, chuta em direção ao gol, a bola desvia no cotovelo do seu companheiro de equipe (Danilo Pires) e entra.
Ou seja, pelo conjunto da obra, pode-se considerar a arbitragem de Ricardo Marques Ribeiro bem abaixo do esperado, seja pelos clubes (que solicitaram árbitros de fora) como pela federação.