Foto: @seleçãobrasileirafeminina
Por Cláudio Alcoforado*
Depois de qualquer insucesso de alguma equipe brasileira em qualquer competição internacional, mesmo tendo tido uma honrosa participação, costumamos ouvir declarações de que poderíamos ter mais apoio e planejamento com um consequente melhor resultado.
Apoio e planejamento de quem? Essas queixas só podem ser dirigidas às federações, confederações, etc.
Quando se trata de esportes “amadores” ou de categorias muito jovens, realmente seria tarefa dos órgãos governamentais. Mas quando a declaração vem de uma jogadora da seleção de futebol, a queixa só pode ser dirigida à CBF, entidade que, por sinal, só se mete em competição que dá lucro.
Hoje, as melhores atletas estão bem empregadas em equipes no exterior. Das 23 jogadoras convocadas para a Copa do Mundo de 2019, 18 jogam em clubes europeus, americanos ou japoneses. Portanto, individualmente com boa remuneração.
Segundo dados de pesquisa da consultoria de marketing esportivo Sports Value, a cota de TV foi a principal fonte de receita dos clubes brasileiros de futebol masculino em 2018 (38%). Depois da TV, as principais fontes foram: transferência de atletas (24%), social e amador (12%), Patrocínio e Publicidade (10%), e Bilheteria (8%).
Acho que depende totalmente de nós, consumidores, o apoio para o crescimento do futebol feminino no Brasil. Consumindo jogos pela TV, adquirindo camisas dos times das meninas e comparecendo aos seus jogos, pagando por ingressos. Não esquecendo o imprescindível destaque permanente por parte da imprensa.
Quando a qualidade dos jogos chega a um nível que atrai interesse do torcedor, a máquina passa a operar sozinha. Para mim, pelo menos, ver jogo da seleção feminina é mais atraente do que ver os campeonatos brasileiros masculinos de todas as séries.
As meninas não são mais bobinhas, estão ocupando seu espaço e vão ter o dia de sair de casa para ir às suas peladas. Privilégio que era dos caras.
Em se tratando de seleção, poderíamos estar melhor, mas as meninas fizeram um bom trabalho jogando de igual para igual com uma das candidatas ao título e dona da casa e chegamos além do que se esperava do time.
Parabéns às garotas que foram muito mais profissionais, guerreiras e comprometidas do que os garotos tem sido e deram um show de bola.
* Cláudio Alcoforado é executivo de tecnologia e empreendedor