Crédito da foto: Anderson Stevens/ Assessoria de imprensa do Sport
O jovem goleiro Mailson apareceu no Sport numa partida contra o Salgueiro, em 2017. Era uma segunda-feira. Entrou em campo com um time repleto de jovens atletas que, assim como ele, buscavam um lugar ao sol. A escalação dos garotos acontecem porque, acreditem, o time principal do Leão havia jogado no dia anterior. Mas a estreia de Mailson para valer mesmo, digamos assim, foi diante do Botafogo, pelo Brasileirão. Começava, então, uma missão difícil da qual ele não fugiu: substituir o ídolo Magrão.
E as coisas foram acontecendo naturalmente para o goleiro. Vez por outra era acionado no time titular por conta das lesões do veterano Magrão. Até que, no ano passado, assumiu de vez a titularidade após o então ídolo acionar o clube na Justiça e ir embora pelo simples fato de não aceitar ser reserva de Mailson.
Com a camisa 1 nas costas, ouviu os aplausos da torcida em vários jogos. Criticas também, pois fazem parte da evolução de um profissional. Perdeu a posição para Luan Polli. Encarou com naturalidade. E voltou a ser titular depois que Polli cometeu alguns erros. A gangorra dos goleiros estava acionada na Ilha do Retiro. Sinal que a posição tão importante em qualquer equipe precisava de mais confiança.
Não cabe aqui fazer duras críticas a Mailson depois do pênalti infantil que cometeu no estádio Couto Pereira, que resultou na derrota do Leão para o Coxa, por 1×0, nos últimos minutos da partida. É fácil demais dizer que ele não serve para o Sport depois do erro crucial. Mailson está vivendo o começo da sua carreira. E como todo começo há situações em que suas deficiências são expostas. É hora do clube proteger o seu valor.
Quando Magrão deixou o clube, sempre defendi a contratação de um outro goleiro experiente. Um que trouxesse na bagagem a experiência de ter atuado em grandes clubes do futebol brasileiro. O discurso de valorizar a prata da casa, agora, foi mais uma vez mal utilizado. Goleiro é uma posição diferente das demais. É aquele jogador que não pode errar. Errou, geralmente, é gol. E não tem perdão.
Um goleiro experiente seria um aprendizado gigante. Um para-raios importante para esse momento de formação de um jogador. Não é todo jogador prata da casa que está pronto para viver a glória de uma conquista e nem das porradas que recebe quando a falha acontece. O que Mailson fez na partida contra o Coritiba foi fruto da sua inexperiência. Está sendo “triturado” por esse lance. A gente sabe como é torcedor. Não perdoa um erro, especialmente um que resulta numa derrota. No último minuto do jogo.
Quando vi o lance, fiquei imaginando o que passava na cabeça de Maílson. O que ele ouviu após a partida? Na vizinhança, o que falaram? E ele vendo as redes sociais? As manchetes negativas dos jornais? Tudo isso faz parte do amadurecimento. Mas ele tá preparado para a reviravolta? Haverá brechas para isso? Como ele vai reagir a essa queda? Ah como faz falta um goleiro com bagagem por perto para dar aquela sacudida, para contar as suas experiências e levantar a moral do garoto.
Dá para cravar que Maílson é um excepcional goleiro? Muito cedo para afirmar. Como também é cedo e cruel dizer que ele não serve para o Sport. É o tempo que vai responder. As formas como ele absorve as críticas e como ele lida com a fama. Mas isso só a sequência de jogos pode dar. E tudo isso que falei aqui é um aprendizado importante para o futuro de qualquer jogador. Maílson, nesse caso, precisa de apoio para que tudo não seja interrompido.