Claro que o silêncio do goleiro Magrão ecoaria no Recife. E fez barulho. É o assunto mais comentando nas rodas de conversa de amigos e familiares. Participei do programa Papo de Craque, da Rádio Transamérica e, claro, o assunto foi à tona. Numa determinada hora, o ex-meia do Sport, Chiquinho, tocou num ponto importante: os clubes se preocupam com a sua história, com sua memória, com seus ídolos?
Não, não se preocupam. Chiquinho lembrou do time campeão brasileiro de 1987 ter sido impedido de jogar na Ilha do Retiro, no ano passado, para celebrar os 30 anos de conquista. O time de 1994, que tinha uma base formada na Ilha e do qual fez parte, foi homenageado pelo Conselho Deliberativo, mas não pelo clube como um todo. Mas isso não é algo exclusivo do Sport.
No Náutico, o ex-atacante Kuki não teve jogo de despedida e só veio receber uma homenagem no final do ano passado, na reabertura dos Aflitos. É verdade que o clube alvirrubro, vai e vem, lembra do Hexa. Mas isso tem acontecido de forma mais rara. O Santa Cruz tem feito mais homenagens a uma equipe e não a um ídolo específico. Na atual Série C, por exemplo, o time tem jogado com um uniforme referente ao time de 1993, que conquistou o Estadual daquele ano de forma milagrosa. A PE Retrô está por trás dessa ação bem bacana.
Assim como os atletas, muitas vezes, não sabem encerrar suas carreiras, os clubes pernambucanos também não sabem como preservar a história de um ídolo. Principalmente nesse momento de transição. Até porque, o momento de decidir parar é muito difícil para o atleta. Especialmente aqueles que são idolatrados. O caso de Magrão, no Sport, por exemplo. A relação do clube e o jogador já não vinha sendo a mesma há algum tempo. E sua atitude de acionar a Justiça impede qualquer possibilidade de uma despedida grandiosa como sua história merece.